Tragédia no Mediterrâneo: «Nada menos que genocídio» - TVI

Tragédia no Mediterrâneo: «Nada menos que genocídio»

As reações ao naufrágio que pode ter feito cerca de 700 mortos este fim de semana no Mediterrâneo não se fazem esperar. A mais revoltada é a do primeiro-ministro de Malta, Joseph Muscat, que fala em «gangues de criminosos que põe pessoas em barcos»

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O primeiro-ministro de Malta, Joseph Muscat, diz que a tragédia que aconteceu este sábado no mar Mediterrâneo é «genocídio». Em declarações à CNN, Muscat reage de forma revoltada à provável morte de cerca de 700 pessoas no naufrágio de um navio que transportava imigrantes da Líbia em direção à Europa.
 

«É genocídio – nada menos do que genocídio. Completamente», classificou Muscat.

 

«Gangues de criminosos colocam pessoas num barco. Às vezes até sob ameaça de uma arma. Estão a colocá-los no caminho para a morte», acrescentou.

 
Ainda em declarações à CNN, Joseph Muscat fez uma descrição trágica: «as nossas tropas, juntamente com a marinha italiana, estão literalmente a procurar entre os corpos para tentar encontrar alguém que ainda esteja vivo».
 
Muscat diz que a segurança nas fronteiras da Líbia é essencial para «travar estes gangues de criminosos. Estes terroristas». «A comunidade internacional não pode continuar cega a este problema»
, acrescentou.
 
O Alto-comissário das Nações Unidas para os Refugiados, António Guterres, já tinha dito este domingo que o acidente deste sábado à noite podia ser pior do que o da semana passada, que matou 400 refugiados e imigrantes no Mediterrâneo.
 
De acordo com a Guarda Costeira Italiana, que lidera as operações de resgate, foram resgatados 28 sobreviventes
(22 dos quais por um barco com bandeira portuguesa) e recuperados 24 corpos.

Mas o relato dramático de um sobrevivente indica que a tragédia pode ser muito maior do que se espera. Um homem proveniente do Bangladesh aponta para mais de 900 mortos
«Éramos uns 950 a bordo. Quarenta ou 50 crianças e cerca de 200 mulheres. Muitos estavam trancados no porão».


 
Outra descrição dramática vem do dirigente dos Médicos Sem Fronteiras: «uma vala comum está a ser criada no Mediterrâneo e as políticas europeias são responsáveis». Loris De Filippi comparou a situação a uma «zona de guerra».
 
«Esta tragédia está só a começar. Mas pode e deve ser travada», disse.
 
O primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, pediu já  uma cimeira europeia urgente
. Renzi, que falava em conferência de imprensa, disse esperar que a reunião tenha lugar até ao final da semana. «Tem que ser uma prioridade», afirmou.
 

«Não estamos a falar de coisas banais, mas de vidas humanas», disse Renzi, considerando que o tráfico de pessoas é «um flagelo» para a Europa. 

 
O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, está já a estudar convocar uma reunião de emergência dos chefes de Estado e de governo da União Europeia.
   
O presidente francês, François Hollande, pediu à União Europeia para colaborar mais nas operações de busca. «Pode ser o pior desastre nos mediterrâneo nos anos mais recentes», resumiu.
 
A União Europeia já emitiu um comunicado este domingo garantindo que está a preparar um plano de ação.
 

«A Comissão Europeia está profundamente envergonhada com os trágicos desenvolvimentos no Mediterrâneo hoje, assim como nos últimos dias e semanas. A realidade é dura e as nossas ações deve, por isso, ser ousadas. São vidas humanas que estão em jogo e a União Europeia tem obrigação moral e humanitária de agir». 


O Papa lembrou a tragédia na homilia deste domingo. «São homens e mulheres como nós que procuram uma vida melhor», disse aos milhares que o escutavam na Praça de São Pedro, no Vaticano. 

O Santo Padre lamentou as mortes e pediu a todos para rezarem pelos «seus irmãos e irmãs» e deixou um «apelo à comunidade internacional» para que atue com urgência.  (VEJA O VÍDEO ABAIXO)

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