A fatura da desflorestação na Amazónia nas últimas décadas ainda vai chegar e até 2050 podem desaparecer 80 a 90 por cento das espécies vítimas da destruição dos seus habitats. É a hipótese avançada por um estudo da revista Science.
O que fizeram os cientistas do Imperial College e da Sociedade Zoológica de Londres, e ainda da Universidade Rockefeller, nos Estados Unidos, foi criar um modelo estatístico para prever o impacto que terá nas espécies animais a desflorestação que já ocorreu nos últimos 30 anos, fruto da intervenção humana, com o avanço das zonas agrícolas ou o abate de árvores para a indústria madeireira. Chamaram ao modelo «débito de extinção» e definiram quatro cenários possíveis.
Como a desflorestação não é igual por toda a Amazónia, o estudo partiu de informações de satélite do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que monitoriza a desflorestação, e dividiu a região em 700 zonas de 50km2, chegando assim a uma previsão de extinção por zona.
No melhor cenário, a desflorestação acaba até 2020 e o impacto na extinção é reduzido. No segundo melhor, o que é estimado pelo Governo brasileiro, é reduzida em 80 por cento até 2020. No terceiro, a que chamam «governance», o atual estado de coisas mantém-se, com um mínimo de regulação. Esse prevê que os vários ecossistemas da Amazónia percam de 6 a 12 espécies de mamíferos, enquanto entre 12 a 19 entrem na lista das espécies em risco de extinção. O pior cenário, de desregulação total, admite que a grande maioria das espécies acabe extinta nos próximos 30 anos.
A previsão é difícil de fazer, nomeadamente por causa da mobilidade dos animais. Ou seja, quando o seu habitat é destruído, eles procuram outros habitats. Onde vão lutar pela sobrevivência com os outros animais que já lá estavam, o que leva também à redução da espécie. Mas o processo não é imediato, pode levar vários anos a desenrolar-se.
Os investigadores esperam que este modelo sirva de alerta. «Eu gostaria de pensar que as pessoas vão olhar para os dados e dizer 'agora sabemos exatamente onde estão os maiores débitos de extinção e podemos olhar para essas áreas em particular para conservar as espécies que ainda lá estão», diz Robert Ewers, responsável pelo estudo, ao site da revista Nature.
Amazónia pode sofrer extinção maciça de espécies até 2050
- tvi24
- BR
- 13 jul 2012, 13:50
Estudo da revista Science alerta para riscos da desflorestação no futuro
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