Eleições em Angola: e no final ganha o MPLA - TVI

Eleições em Angola: e no final ganha o MPLA

Jovens inspirados na Primavera Árabe tentaram fazer oposição, mas José Eduardo dos Santos deverá mesmo continuar no poder

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As terceiras eleições gerais em Angola em 37 anos de independência estão marcadas para esta sexta-feira. Quase 10 milhões de eleitores vão escolher os 220 lugares na Assembleia Nacional, o presidente e o vice-presidente, que serão os cabeças de lista do partido mais votado.

Há nove formações políticas sujeitas a votação. O Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), encabeçado pelo presidente José Eduardo dos Santos, a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), de Isaías Samakuva, o Partido da Renovação Social (PRS), a coligação Convergência Ampla de Salvação de Angola (CASA-CE), a Nova Democracia, a Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA), o Conselho Político da Oposição (CPO), o Partido Popular para o Desenvolvimento (PAPOD) e a Frente Unida para a Mudança de Angola (FUMA).

Ninguém terá muitas dúvidas quanto ao vencedor pré-anunciado. O MPLA, que conquistou 82 por cento dos votos nas eleições de 2008, tem baseado a sua campanha nas promessas de estabilidade, essencial para um povo ainda com a lembrança de 27 anos de guerra civil. «Em pouco tempo, foram restabelecidas as ligações com todas as sedes municipais e comunais, construíram-se pontes e começaram a desenvolver-se ações para o combate à fome e à pobreza e para a melhoria e reforço das instituições do Estado», sublinhou José Eduardo dos Santos, no poder desde 1979.

O presidente angolano não se livra, no entanto, das críticas da oposição. A UNITA acusa-o de tentativa de fraude, ao não ter auditado os registos eleitorais, nem ter publicado a atualização destes para os cidadãos saberem atempadamente se há algum problema. «O processo não está bem e não se pode esconder isso dos angolanos», afirmou recentemente o mandatário da lista da UNITA, José Pedro Cachiungo, citado pela Lusa.

Mais de 100 observadores eleitorais da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral estão em Angola. «Estas eleições gerais constituem um marco significativo no processo da consolidação da democracia no país, daí que a preservação da paz e da estabilidade é de suma importância», afirmou o presidente desta organização, Tomáz Salomão, citado pela Angola Press.

Ainda assim, a UNITA ameaçou boicotar as eleições gerais e convocou uma manifestação para o passado sábado. Manifestações são, aliás, o que não tem faltado nos últimos meses. Encabeçados por um grupo de jovens que se intitula Movimento Revolucionário Estudantil, os protestos visaram sobretudo denunciar a corrupção instalada neste país africano, assim como a falta de liberdade de expressão e o controlo dos media por parte do governo de José Eduardo dos Santos.

Os ativistas dos direitos humanos acusaram as autoridades de usarem a força para os silenciar. «O regime foi forçado a reagir... Eles veem que a pressão não vem apenas da oposição», afirmou em entrevista à Reuters um dos organizadores, Luaty Beirão, mais conhecido como «Ikonoklasta».

O músico de 30 anos acredita que a geração mais jovem, inspirada na Primavera Árabe e que utiliza as redes sociais para comunicar, cavou «buracos na casca dura do regime» e «abriu caminho a outros protestos». «As eleições são importantes, apesar dos receios de fraude. Tivemos eleições em 1992 e outras apenas em 2008. Com as eleições a tornarem-se regulares, talvez as pessoas vejam que podem mudar os líderes de poucos em poucos anos», acrescentou o rapper.

Para esta sexta-feira, serão mobilizados mais de 70 mil polícias. «Estamos organizados para que no dia das eleições a nossa ação seja reforçada, sobretudo nas grandes cidades», disse o comandante da Polícia Nacional, Paulo de Almeida, entrevista à Angop.
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