O abraço polémico de Ahmadinejad - TVI

O abraço polémico de Ahmadinejad

Presidente do Irão tocou na mãe de Chávez, mas a religião muçulmana proíbe o toque em mulheres. Ahmadinejad está a ser alvo de críticas

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O presidente do Irão, Mahmoud Ahmadinejad, foi criticado por alguns membros da elite iraniana depois da publicação de uma foto em que aparece a abraçar a mãe de Hugo Chávez durante o funeral do ex-presidente, na passada sexta-feira.

Na foto, divulgada por várias agências de notícias internacionais, o presidente iraniano pega na mão de Elena Frías, que coloca a cabeça no ombro de Ahmadinejad. A polémica está no facto da cultura muçulmana interpretar a manifestação pública de afeto entre homens e mulheres como adultério. Uma regra cultural seguida pela população em geral, mas com especial significado na classe política que frequentemente evita o contacto com mulheres em público.

A agência de notícias Al Arabiya cita um deputado iraniano, Mohammed Dehghan, que fez um crítica implícita ao presidente. «Tal ato por parte de um alto funcionário do Executivo opõe-se ao comportamento de um muçulmano, que é limitado pelos compromissos religiosos».

A fotografia acabou por se tornar viral no Facebook e no Twitter. Muitos dos utilizadores questionavam precisamente qual seria a reação no Irão à atitude do presidente.

Um membro da Sociedade do Clero Combatente de Tearão, Hojat al-Islam Hossein Ibrahimi, declarou que «em relação a tudo o que é permitido (halal) e em em relação ao que é proibido (haram), sabemos que nenhuma mulher pode ser tocada, a não ser que se esteja a afogar ou necessite de tratamento médico».

O acto do presidente do Irão terá mesmo sido relatado ao Conselho Guardião, que pode vetar os candidatos a eleições, para que seja averiguado o entendimento da religião. No Irão, alguns críticos ainda questionam a aprovação, em 2005, do então desconhecido Ahmadinejad como candidato às eleições.

Um membro conservador do parlamento, Seyyed Mohammad Pourfatemi, terá também encorajado os clérigos a condenarem a acção do presidente não permitindo que «ele faça o que entende quando se trata de infringir a lei muçulmana» e lembrando que os seus atos estão longe do «status de um muçulmano».

O gabinete do presidente terá tentado impedir a publicação da imagem no Irão. A versão online do jornal da administração publicou várias imagens do presidente a cumprimentar outras mulheres, mantendo a distância e unindo as mãos em forma de cumprimento, tentado justificar o ato. As imagens justificam a posição de Ahmadinejad a cumprimentar a mãe de Chávez, que subitamente colocou as próprias mãos sobre as do presidente, segundo conta o jornal do regime.

As informações contraditórias sobre a veracidade da imagem tornaram-se então confusas, umas vez que surgiram outras imagens. Circulou também na Internet uma montagem em que Ahmadinejad surge a cumprimentar um outro homem ao invés da mãe de Chávez, mas a imagem era afinal uma montagem fotográfica. Surgiu ainda uma outra fotomontagem falsa em que o presidente surge a abraçar uma das filhas de Hugo Chávez.

No entanto, a imagem original em de Ahmadinejad e Elena Frias é a autêntica e foi difundida pelas agências internacionais presentes no funeral, nomeadamente a Reuters.
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