Rio+20: chega de conversa, é hora de salvar a Terra - TVI

Rio+20: chega de conversa, é hora de salvar a Terra

Terra (arquivo)

Nova cimeira no Rio de Janeiro, 20 anos depois da Agenda 21, pressionada por alerta da ONU: apenas quatro das 90 metas traçadas até aqui alcançaram avanços significativos

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Já passaram 40 anos desde que, em 1972, a ONU realizou a primeira reunião ambiental, em Estocolmo, e, dos 90 objetivos e metas traçados entretanto, só se registaram progressos significativos em quatro.

Para pressionar os cerca de 130 líderes mundiais que se vão reunir na Conferência sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), entre 20 e 22 de junho, no Rio de Janeiro, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente divulgou, na semana passada, o relatório Panorama Ambiental Global 5 (GEO-5).

«As mudanças que atualmente se observam na Terra não têm precedentes na história da Humanidade. Os esforços para reduzir a sua velocidade e magnitude deram resultados moderados, mas não conseguiram reverter as alterações ambientais adversas», pode ler-se no início do documento.

Os cerca de 600 especialistas que colaboraram no relatório alertam que as emissões de gases com efeito de estufa podem duplicar nos próximos 50 anos, aquecendo o planeta em mais 3 graus até ao fim do século. A meta de limitar o aquecimento global em dois graus até 2100, estabelecida na Cimeira de Copenhaga, em 2009, está cada vez mais longe.

O GEO-5 recomenda aos governos que acabem com os subsídios aos combustíveis fósseis e aumentem os impostos às emissões de carbono. Segundo a Agência Internacional de Energia, estes subsídios são cinco vezes maiores do que os incentivos às renováveis (no total, representam cerca de 400 mil milhões de dólares por ano). O G20 já tinha acordado a sua diminuição, mas, sem metas e calendário definidos, falhou. Agora é a oportunidade, diz a ONU, sublinhando que a poluição do ar poderá causar mais de seis milhões de mortes prematuras todos os anos.

Outra das conclusões do relatório é que os oceanos estão cada vez mais ácidos, «o que constitui uma grande ameaça para os recifes de corais e para os mariscos». A meta de acesso a água potável, definida pela ONU em 1990, está prestes a ser alcançada, mas mais de 600 milhões de pessoas deverão perdê-lo até 2015. Há ainda 2600 milhões sem acesso ao tratamento de água e 80% da população vive em zonas em que o abastecimento de água está ameaçado.

A ONU revela ainda que a desflorestação aumentou tanto que vai provocar mais custos à economia mundial do que a crise financeira de 2008 e que a biodeversidade desaparece a um ritmo só conhecido durante a extinção dos dinossauros. É a chamada «sexta extinção» das espécies, sendo que algumas alterações nos ecossistemas podem chegar a um ponto em que serão «irreversíveis».

«Se as tendências atuais continuarem, se os atuais padrões de produção e consumo dos recursos naturais continuarem e não puderem ser reversíveis, então os governos testemunharão níveis sem precedentes de danos e degradação» do planeta, disse Achim Steiner, responsável do Programa, citado pela BBC.

Entre os mais de 700 acordos internacionais assinados nos últimos 40 anos, a ONU constata quatro pontos com sucesso: a remoção do chumbo dos combustíveis, a redução da produção e utilização de produtos químicos que destroem a camada de ozono, o aumento ao acesso a água potável e da investigação sobre a poluição marinha.

Este relatório serve de antecipação à cimeira Rio+20, duas décadas depois da assinatura do documento Agenda 21. Os especialistas acreditam que, a não ser que se trave uma verdadeira luta a partir de agora, vêm aí fenómenos climáticos nunca antes vistos, como cheias e secas sucessivas, extinção de espécies, aumento do nível do mar, da temperatura, da poluição e das doenças.

«O Rio+20 é o momento de tornar a aspiração e implementação irregular de um crescimento sustentável num autêntico caminho de progresso e prosperidade para esta geração e as que aí vêm», concluiu o responsável do relatório.

O Panorama Ambiental Global é considerado, entre a comunidade científica, como a principal avaliação do estado do meio ambiente mundial.
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