Faz bem o coração e «apaga as más memórias» - TVI

Faz bem o coração e «apaga as más memórias»

Mente

Investigadores holandeses acreditam que medicamentos para a tensão ajudam a esquecer traumas

Relacionados
Um simples medicamento para o coração pode ajudar a apagar más memórias. É pelo menos quase isso em que acreditam investigadores holandeses.

Depois de desenvolverem um estudo em 60 pessoas, os cientistas ficaram convencidos que os bloqueadores beta (medicamentos para a tensão arterial) alteram a maneira como os acontecimentos são recordados, podendo ajudar os doentes que sofrem de problemas emocionais depois de viverem acontecimentos traumáticos.

Investigadores britânicos já vieram, contudo, alertar para as questões éticas da aplicação deste medicamento nestas situações. Citado pela BBC online, Paul Farmer, director do hospital psiquiátrico Mind, diz estar preocupado sobretudo com esta abordagem farmacológica em doentes com fobias e ansiedade. O médico teme que o remédio altere também as boas memórias e alerta para a possibilidade de acelerar a doença em pacientes com Alzheimer.

Daniel Sokol, professor de Ética Médica da Universidade de Londres, sublinha que as memórias são importantes, até para as pessoas aprenderem com os próprios erros. «Remover uma memória não é a mesma coisa do que remover uma verruga. Muda a nossa personalidade, a nossa identidade, até porque quem nós somos está associado às nossas memórias», alerta o especialista.

Imagens de aranhas

A equipa holandesa criou artificialmente sentimentos de medo nos voluntários, mostrando-lhes imagens de aranhas, associadas a choques eléctricos nos pulsos. Um dia depois, o grupo foi separado. A metade, foi administrado propranolol, um bloqueador beta. À outra metade, foi administrado um placebo, antes de lhes serem mostradas as mesmas imagens de aranhas.

Avaliaram-se depois barulhos súbitos e movimentos de pálpebras involuntários. O grupo que tomou o medicamento para o coração mostrou menos sinais de medo.

Já no dia seguinte à experiência, depois da droga ter desaparecido do organismo, foi repetido o teste. Os voluntários que tinham tomado o medicamento voltaram a mostrar-se menos afectados pela imagem.

O chefe da equipa de cientistas que fez o estudo, Merel Kindt, explica que as memórias se mantém intactas, mas muda a intensidade com que são vividas. Merel Kindt alerta contudo que a aplicação desta terapêutica em casos de stress pós-traumático ainda está muito longe.
Continue a ler esta notícia

Relacionados