NOTÍCIA ACTUALIZADA
A residência do Presidente da Guiné-Bissau apresenta inúmeras marcas de destruição resultantes do ataque da última madrugada, em que um segurança de «Nino» Vieira foi morto e outro ferido.
«O Ministério da Administração Interna descobriu e se não tivéssemos tomado as medidas necessárias ninguém falaria hoje do senhor presidente», afirmou o ministro Cipriano Cassamá aos jornalistas em frente da residência do chefe de Estado guineense, considerando «inaceitável» a «tentativa de golpe de Estado». «O que se passou esta noite foi uma ilegalidade e gostaria de apelar ao povo da Guiné-Bissau para manter a calma», disse.
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Situada no centro de Bissau, a vivenda de um piso ficou com dois grandes buracos no telhado e as marcas de balas estão um pouco por todo o lado, tanto no interior como no exterior, constatou a Agência Lusa durante uma visita ao local proporcionada aos jornalistas.
Todas as janelas da frente da casa têm os vidros partidos e no interior vêem-se louças, um aparelho de televisão e muitos outros objectos destruídos pelas balas disparadas pelos atacantes. A sala do lado da frente da casa é a que apresenta mais sinais de destruição, que também são visíveis no quarto do chefe de Estado guineense, cujo tecto tem um buraco.
No exterior da vivenda, a Lusa viu três viaturas da Presidência praticamente destruídas, incluindo o Hummer usado por «Nino» Vieira, com os vidros partidos, os pneus furados e marcas de balas na carroçaria.
No ataque, aparentemente levado a cabo por um grupo de militares, terão sido usadas metralhadoras e granadas. O ataque começou cerca da 1h00 (mesma hora em Lisboa), quando se ouviram explosões e tiroteio intenso na zona da residência do Presidente da Guiné-Bissau.
Segundo o ministro da Administração Interna guineense, uma pessoa morreu e outra ficou ferida na sequência do ataque, tendo sido detidas «várias pessoas».
O corpo do segurança de «Nino» Vieira abatido pelos atacantes foi retirado da residência cerca das 6h30, e transportado para o hospital de Bissau.
Efectivos das Forças Armadas guineenses montaram uma operação para tentar encontrar os atacantes e estavam hoje de manhã a inspeccionar as viaturas que saíam de Bissau pela estrada do aeroporto.
Representante da ONU no local
Cipriano Cassamá esteve reunido com o chefe da missão da ONU em Bissau, o nigeriano Shola Omerege, e o ministro da Defesa guineense, Marciano Barbeiro. O ministro da Administração Interna revelou ainda que o governo guineense sabia que ia haver este ataque e estava preparado para lhe dar resposta.
No início do encontro desta manhã, quando os jornalistas se encontravam na sala, Shola Omerege disse a «Nino» Vieira que o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e o Conselho de Segurança já foram «informados e estão atentos» sobre os acontecimentos da madrugada.
Meia hora mais tarde, chegou à residência do Presidente o chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, general Tagme N'Waie.
A Comissão da União Africana (UA), entretanto, rejeitou «antecipadamente, qualquer tentativa de tomada de poder pela força» na Guiné-Bissau. O presidente da Comissão da UA, Jean Ping, expressou a sua «muito forte preocupação» quanto à «degradação da situação» na Guiné-Bissau e reafirmou «a rejeição total da UA face a qualquer mudança anticonstitucional de governo».
«Tentativa de golpe de Estado» na Guiné Bissau
- Redação
- FC
- 23 nov 2008, 10:05
Casa do presidente «Nino» Vieira foi atacada na madrugada e um dos seus seguranças morreu
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