Presidente da Tunísia demite governo com país em estado de emergência - TVI

Presidente da Tunísia demite governo com país em estado de emergência

Estado de emergência na Tunísia (EPA)

Foi decretado um recolher obrigatório e dada ordem para o uso das armas contra quem desobedeça às autoridades. Aeroporto internacional cercado por militares e espaço aéreo encerrado

Relacionados
Em actualização

O Presidente da Tunísia, Zine El Abidine Ben Ali, demitiu o governo e convocou eleições legislativas antecipadas para daqui a seis meses. As fortes manifestações levaram ainda as autoridades a decretarem o estado de emergência. Foi imposto um recolher obrigatório e dada ordem para disparar contra quem não acate as ordens das forças de segurança.

«O presidente Ben Ali decidiu, no âmbito das medidas anunciadas na quinta-feira à noite, demitir o governo e convocar eleições legislativas antecipadas em seis meses», afirmou o primeiro-ministro, citado pela agência noticiosa tunisina TAP.

Depois de ser anunciada a demissão do governo, foi também decretado o estado de emergência, com um pacote de duras medidas.

Segundo a televisão estatal, está em vigor um recolher obrigatório entre as 17:00 e as 7:00. Estão proibidos ajuntamentos de mais de três pessoas. Foi ainda feito o aviso que «serão usadas armas» e as ordens das forças de segurança não forem acatadas.

A BBC dá conta que o aeroporto internacional da capital foi cercado por militares e a edição electrónica do jornal espanhol «El País» noticia que o espaço aéreo do país foi encerrado.

Estas medidas surgem depois de fortes protestos da população, que chegaram à capital, Tunes, com milhares de pessoas nas ruas a pedirem também o afastamento do presidente Ali, no poder há 23 anos.

O chefe de Estado já anunciara esta quinta-feira que não se recandidataria ao cargo em 2014, decretara a descida de preços e ordenara à polícia para não disparar contra a população. Tudo isto um dia depois de ter sido demitido o ministro do Interior e libertados manifestantes.

Mas nada aplacou os protestos, desencadeados em Dezembro, depois de um jovem recém-licenciado e sem emprego se ter imolado em protesto, por não lhe ter sido permitido vender nas ruas. O contágio do descontentamento, passou de cidade em cidade, até chegar a Tunes, sempre acompanhado de violência.

O governo tem defendido que estas manifestações violentas são instigadas por elementos extremistas, mas os manifestantes dizem ser movidos apenas pelas elevadas taxas de desemprego, que atingem de forma especial os jovens, pela corrupção, pela pobreza e pela repressão das autoridades.

Mais mortos

O número oficial de vítimas mortais destes distúrbios, até agora, é de 23, mas grupos de defesa dos direitos humanos que dizem que serão pelo menos meia centena. Mas tanto um como outro número deverão subir, já que fontes médicas, citadas pela Reuters, deram conta que 12 pessoas perderam a vida durante a noite na capital e na cidade de Ras Jebel, no nordeste do país.

Enquanto isso, apesar de ter sido decretado o estado de emergência, em Tunes há milhares de manifestantes nas ruas. A polícia já usou gás lacrimogéneo e disparou para o ar na tentativa de dispersas os manifestantes, que exigem além da melhoria das condições de vida e de um alargamento das liberdades civis, a saída imediata do poder do presidente do país.

De acordo com a Reuters, cerca de 8 mil pessoas concentraram-se à porta do Ministério do Interior. «Ben Ali vai embora» e «Bem Ali assassino» foram algumas das palavras de ordem gritadas contra o chefe de Estado.

Vários governos, entre eles o português , já desaconselharam os seus cidadãos a viajarem para a Tunísia. E algumas agências de viagens anunciaram que vão retirar do território milhares de turistas.
Continue a ler esta notícia

Relacionados