«Estes 10,6 por cento de défice são o fim de uma política» - TVI

«Estes 10,6 por cento de défice são o fim de uma política»

Pedro Marques

Ex-secretário de Estado de Sócrates afirma que número «é muito superior» ao que Passos Coelho herdou em 2011. Reações do BE e do PCP no mesmo sentido

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O PS considera que o défice de 10,6 por cento no primeiro trimestre deste ano representa um «falhanço total» e o «fim» da política do Governo, salientando que é «muito superior» ao herdado em 2011.

O deputado socialista Pedro Marques disse que se trata «de um falhanço rotundo de todas as metas, mesmo daquelas que foram revistas para o ano em curso». «Não temos nenhuma boa razão para acreditar que venha aí uma recuperação», sustentou.

O deputado do PS defendeu que isto indicia que a meta do défice não será cumprida no final do ano. «Estes 10,6 por cento de défice são o fim de uma política. Tem que ser o fim de uma política», insistiu o dirigente socialista.

«O primeiro-ministro dizia que vinha para o Governo para baixar o défice, mas este défice é muito superior ao que Pedro Passos Coelho encontrou em 2011», apontou o ex-secretário de Estado dos executivos liderados por José Sócrates.

Face aos resultados da economia portuguesa no seu conjunto, Pedro Marques advogou que, apesar da «teimosia» de Passos Coelho e do ministro das Finanças, Vítor Gaspar, «o Governo vai ter rapidamente de mudar, ou terá de sair, manifestamente».

«Este número do défice é demasiado mau para ser verdade. Não acredito de todo que se possa chegar [aos 5,5 por cento de défice] no final do ano, a não ser com uma operação extraordinária que o Governo possa inventar. Do ponto de vista real, temos meio milhão de empregos destruídos em dois anos, uma dívida pública que aumentou 20 pontos percentuais do Produto Interno Bruto (PIB) e um défice que não para de aumentar», acrescentou.

Já o BE considerou que «o desastre das contas públicas» mostra que o ministro das Finanças «está a mais» e que o Governo não atingirá as metas para 2013.

«Vítor Gaspar, que diz que a austeridade é o fim das políticas públicas, demonstra que não tem saída, porque este é o descontrolo das contas públicas, é um ministro que prova que não tem saída, não tem solução, está a mais neste espaço da governação do país e as suas políticas são o fator de desastre das contas públicas», afirmou o líder parlamentar.

«10.6% é um desastre, é o descontrolo das contas públicas e não interessa, não adianta o Governo vir-nos dizer que tem fé que vai cumprir o défice no final deste ano. A realidade demonstra que o fanatismo da austeridade destrói a economia, aumenta o desemprego, destrói as contas públicas», sustentou Pedro Filipe Soares.

O presidente do grupo parlamentar bloquista classificou a «evolução do primeiro trimestre» como «exorbitante quando comparada com os anos anteriores».

«Depois de todos os sacrifícios, depois de todos os aumentos de impostos, do ataque a diversos setores da economia, do desemprego para que muitos portugueses e portuguesas foram atirados, vemos que nenhum destes sacrifícios valeu a pena porque as contas estão piores do que estavam», concluiu.

O PCP advertiu que este valor «é o maior desde que a troika entrou em Portugal», «com ou sem Banif». O deputado comunista Honório Novo considerou que estes números «são absolutamente demolidores».

«O défice em termos quantitativos no primeiro trimestre é de 4167 milhões de euros, que é praticamente metade do total que em contas nacionais está previsto para o ano todo», afirmou.

«Os números são tão demolidores que as pessoas têm de perceber, e o Governo também, que não há volta a dar, este caminho é o da autofagia, da destruição do país, que tem de ser travado quanto antes, queira o senhor Presidente da República ou não queira», defendeu.

Na opinião de Honório Novo, Cavaco Silva «tem de acabar por perceber que este caminho é um caminho sem retorno, que tem de ser efetivamente travado».
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