Penafiel: 70 mil euros por roubo de bebé - TVI

Penafiel: 70 mil euros por roubo de bebé

  • Portugal Diário
  • 13 jul 2007, 10:37

Reclama família da bebé sequestrada. Julgamento começa em Setembro

A família da bebé roubada no Hospital do Vale do Sousa, dois dias após ter nascido, reclama 70 mil euros de indemnização à suspeita do crime, uma auxiliar de geriatria residente em Valongo, escreve a Lusa.

O pedido de indemnização está correlacionado com o processo-crime que o Tribunal de Penafiel começa a julgar a 11 de Setembro, a partir das 09:30.

A arguida é uma auxiliar de geriatria, de 38 anos, residente em Valongo, formalmente acusada pelo Ministério Público de um crime de sequestro.

O sequestro é geralmente punível com prisão até três anos ou multa mas, neste caso, o Ministério Público entende que crime deve ser penalizado com prisão entre dois e dez anos.

O agravamento da moldura penal decorre do preceituado nas alíneas a) e e) do artigo 158 do Código Penal, por o sequestro ter durado mais de dois dias e ter sido perpetrado «contra pessoa particularmente indefesa, em razão de idade, deficiência, doença ou gravidez».

A bebé, filha de um casal de Lousada, foi levada de uma enfermaria de obstetrícia, no sexto peso do hospital, a 17 de Fevereiro do ano passado.

Joana Filipa, como lhe chamaria a sequestradora, ou Andreia Elisabete, como foi registada pelos pais, ficou em poder da auxiliar de geriatria até 12 de Março deste ano.

Na acusação, consultada pela agência Lusa, conta-se que a auxiliar de geriatria usou um saco acolchoado, habitualmente destinado ao transporte de artigos de puericultura, para trazer a bebé para fora do hospital sem levantar suspeitas.

Engenho para «furar segurança» diz MP

O Ministério Público explica que a mulher se socorreu também de algum engenho para «furar» o sistema de segurança do hospital e obter um cartão de acesso às enfermarias de obstetrícia, onde poderia encontrar recém-nascidos.

Primeiro, espreitou no balcão de controlo de visitas, sem que ninguém se apercebesse, a lista das parturientes internadas.

Depois, disse-se familiar de uma delas, pelo que lhe foi permitida a entrada mediante o depósito de um documento pessoal, no caso o cartão de contribuinte.

Deambulando pelas enfermarias do sexto piso, encontrou a filha do casal de Lousada sozinha na cama 618, já que a mãe se ausentara momentaneamente para jantar na cantina hospitalar.

Meteu a Andreia no saco de artigos para bebé e saiu para a rua sem que ninguém percebesse que acabara de consumar um sequestro.

A auxiliar de geriatria só regressou a casa na manhã seguinte, preferindo pernoitar com a bebé no seu carro, para poder argumentar que estivera aquele tempo em trabalhos de parto.

Os antecedentes deram crédito à ideia de que ela própria gerara a criança: fizera constar que estava grávida, abstendo-se de seguida de manter relações sexuais com o companheiro por alegadas razões de desconforto.

Apesar do alerta policial para o desaparecimento da bebé e dos apelos da própria administração hospitalar para que a criança fosse devolvida, ninguém relacionou o crime com a arguida.

O sequestro só terminou a 12 de Março deste ano quando uma cunhada, na sequência de desconfianças que se foram avolumando, denunciou a auxiliar de geriatria à PSP de Valongo.
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