Até Agosto, Portugal terá uma Juventude Nacionalista. Será a «jota» do Partido Nacional Renovador (PNR). No passado mês de Junho, a convenção nacional elegeu uma nova direcção com José Pinto-Coelho à frente do partido, que quer maior visibilidade e pugna pela união de várias tendências nacionalistas, entre identitários, salazaristas, nacionais-sindicalistas, monárquicos, ex-combatentes.
A nova direcção diz-se capaz de se «sentar à mesma mesa tendências divorciadas entre si». Usando o exemplo do nascimento do Bloco de Esquerda, que surgiu da congregação do PSR, UDP e Movimento XXI, também o PNR gostaria de reunir em torno do partido tendências que o pudessem fortalecer e dinamizar.
José Pinto-Coelho lamenta que «os pequenos partidos fiquem à margem dos holofotes da comunicação social», mas guarda elogios rasgados à estratégia adoptada pelo Bloco de Esquerda, que «começou como um pequeno movimento, ganhou visibilidade e cresceu, usando uma táctica brilhante». Pinto-Coelho, no extremo-oposto ideológico do BE, garante que o partido de Louçã é um exemplo de marketing e de publicitação das suas ideias. «Claro que foram levados ao colo pela comunicação social», queixa-se, e «nós somos rotulados e ostracizados». Mas o Bloco «fez o trabalho de casa». E «nós faremos o mesmo». Sem divisionismos e tentando uma real união, «à semelhança da Frente Nacional francesa».
«Doutrinar» os mais novos e alcançar visibilidade são objectivos traçados pela nova direcção que pretende transformar o partido numa «plataforma comum». O «balão de ensaio» para essa experiência «de união» pode estar na manifestação nacionalista do Martim Moniz, do passado dia 18 de Junho.
Para chegar perto dos jovens, o PNR decidiu criar uma estrutura agregada ao partido, a Juventude Nacionalista. «Há muitos jovens que simpatizam com as nossas ideias e, por isso, queremos chegar às escolas secundárias», garante o novo presidente do PNR ao PortugalDiário.
Pinto-Coelho afirma que é necessário «comprometer os mais jovens com a causa nacionalista». Sabendo que para muitos «o império ultramarino, a bandeira ou o hino já nada dizem», o líder do PNR acredita «numa paixão genuína pelo país» que passa pelo «despertar para a política», numa reacção a uma sociedade consumista, em que «vale tudo» e onde os «assaltos são feitos à porta das escolas».
«Por isso, a doutrinação». Pinto-Coelho fala da existência de «uma maioria alheada», mas garante que «as mudanças se fazem através de elites esclarecidas e preparadas». A estratégia passa por ir a algumas escolas, distribuir propaganda e estar perto das associações de estudantes que, apesar de apartidárias, são historicamente ligadas aos partidos políticos.
Sobre rótulos, «tentamos combater a má fé ou ignorância», mas certo é que «a Frente Nacional francesa, partido congénere do PNR, liderado por Le Pen alcança quase 20 por cento dos votos nas eleições para o Parlamento e não são votações oscilantes. E ainda hoje têm de se preocupar com rótulos e insultos». Pinto-Coelho promete «resistir à globalização económica e cultural», combater a «ditadura europeia» e lutar por «uma nação soberana». E garante que «o nacionalismo é o futuro». Jorge Sampaio é, aliás, um dos primeiros a receber críticas: ao contrário da nova lei da nacionalidade, o PNR defende «a nacionalidade por herança. Ou seja por «jus sanguinis», à semelhança do que ocorreu já noutros Estados da União Europeia, como a Irlanda» e não por «jus solis» como advoga a legislação portuguesa.
Pinto Coelho vai mesmo mais longe, e à semelhança de Le Pen, defende a reposição de fronteiras, o fim do acordo de Schengen e a repatriação dos imigrantes ilegais. O líder do PNR defende esta teoria alegando que, noutros tempos, era aceitável um país multiracial por «éramos um império ultramarino. Agora, não faz sentido porque apenas existe um pequeno rectângulo».
![Nacionalistas criam «jota» para doutrinar alunos de liceu - TVI Nacionalistas criam «jota» para doutrinar alunos de liceu - TVI](https://img.iol.pt/image/id/230196/400.jpg)
Nacionalistas criam «jota» para doutrinar alunos de liceu
- Judite França
- 15 jul 2005, 18:50
![Convenção Nacional e aspecto da manifestação de 18 de Junho](https://img.iol.pt/image/id/230196/1024.jpg)
PDiário: Bandeira ou hino já nada dizem, mas jovens podem «despertar para a política» por reacção aos perigos da sociedade. Partido Nacional Renovador reconhece que estratégia do BE é «brilhante», quer também ser plataforma partidária e fazer mais manifestações
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