CML: fim da medicina no trabalho? - TVI

CML: fim da medicina no trabalho?

  • Portugal Diário
  • 19 out 2007, 21:08

Sindicato e trabalhadores da Câmara de Lisboa alertam para riscos

Sindicato e trabalhadores da Câmara de Lisboa afirmam que a medicina do trabalho e o programa de prevenção de alcoolismo está em risco, com os técnicos responsáveis há vários anos pelo projecto a caminho do desemprego, noticia a Lusa.

Libério Domingos, presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Município de Lisboa afirmou que treze dos médicos do sector da medicina no trabalho, trabalhando no regime de avençados, receberam «um anúncio antecipado de rescisão».

«O Sindicato não está de acordo com isto. Esta pessoas estão cá há anos, cumprem horário e têm chefes hierárquicos. Para o STML, são trabalhadores indispensáveis», afirmou.

Segundo um trabalhador da medicina no trabalho, que prefere o anonimato, «o serviço na área da saúde mental fica muitíssimo prejudicado» com as rescisões, especialmente no plano das dependências.

Desde 2004, a Câmara criou um regulamento interno de prevenção e controlo do consumo excessivo de álcool.

Nos últimos anos, foram os quatro psicólogos da medicina no trabalho que receberam anúncios de rescisão, os responsáveis por acompanhar os trabalhadores em que foi detectado abuso de álcool para consultas e em acompanhar o seu progresso.

«Foram detectados centenas de casos de consumo excessivo de álcool, alguns de profunda dependência» pelas equipas que, diariamente, realizam testes de alcoolémia em sectores aleatórios da autarquia.

Os trabalhadores apanhados com demasiado álcool no sangue eram depois encaminhados para a Medicina no Trabalho e aí acompanhados sistematicamente por psicólogos, que funcionavam em articulação com outras instituições, como o Centro de Alcoologia do Sul.

Sem os profissionais que acompanharam a criação e aplicação do programa de prevenção e com o fim da Medicina no Trabalho, «o trabalho ficará desarticulado», prevê.

A mesma fonte argumenta que a intenção do executivo é «destruir a Medicina no Trabalho e integrá-la nos Serviços Sociais, que engloba a antiga Caixa de Previdência dos trabalhadores da Câmara».

Só que, afirma, isso seria condenar o programa, porque as consultas deixariam de ser obrigatórias: «nas doenças mentais e das dependências, as pessoas muitas vezes não têm consciência de que estão doentes e não vão ao médico por iniciativa própria». «A Caixa de Previdência é um serviço clínico opcional, enquanto a medicina no trabalho não é», explicou.
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