Opinião: «AR deve legislar limite para salários de gestores» - TVI

Opinião: «AR deve legislar limite para salários de gestores»

Marques Mendes diz que é «um escândalo receber num ano, em salários e prémios, três milhões e 100 mil euros»

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«Parece-me um escândalo receber num ano em salários e prémios três milhões e 100 mil euros. Ultrapassa todos os limites do equilíbrio, do bom senso, e diria quase da decência», afirmou esta quinta-feira Marques Mendes no seu comentário semanal na TVI24, sobre os prémios que António Mexia recebeu na EDP.

«Aqui não está em causa o facto de o gestor da EDP ser competente, e não está em causa o facto de ter tido bons resultados de gestão», adianta. «Estes valores, na actual situação e num país como o nosso, são claramente desproporcionados».

«No ano de 2009, o presidente da EDP recebeu 20 vezes mais do que recebeu o Presidente da República e 25 vezes mais do que o primeiro-ministro. Ser presidente da EDP é uma tarefa de grande responsabilidade, mas também todos sabemos que ser Presidente da República ou primeiro-ministro é uma tarefa de grande exigência e de grande responsabilidade. Haja, por isso, bom senso. E aqui não houve», considerou.

Marques Mendes defende que «aquele contrato, com aqueles valores, nunca devia ter existido» e recorda que a EDP não é uma empresa tipicamente privada, «tem uma lógica diferente». «Numa empresa em que o estado também está presente tem que acrescentar-se o critério da lógica de serviço público», adianta.

O antigo líder do PSD sublinha a importância da lógica do serviço público e afirma: «mesmo que não houvesse crise eu acho que isto era um completo exagero, uma imoralidade» porque «Portugal não tem um nível de desenvolvimento que permita salários desta natureza».

«A França e Espanha tem um nível de desenvolvimento superior ao nosso, mas os nossos gestores ganham mais», afirma, argumentando que o presidente da eléctrica espanhola e francesa ganham metade do que ganha António Mexia.

Para Marques Mendes, a solução passa pela intervenção do Governo, para impedir que estas situações ocorram, sobretudo numa altura em que se pedem sacrifícios aos portugueses. «É preciso confrontar o primeiro-ministro com esta questão, não apenas da EDP, mas dos gestores de outras empresas, porque a primeira responsabilidade é do Governo, que é quem gere os negócios do Estado».

Marques Mendes afirma que espera mesmo que os partidos da oposição interpelem José Sócrates sobre esta situação no Parlamento no próximo debate. Mas afirma que não basta criticar, é preciso agir, e desafia que a Assembleia da República devia aprovar uma legislação que estabelecesse plafonamentos, limites, para os salários e bónus de gestores de empresas participadas pelo Estado».

Marques Mendes falou também do PSD e teceu elogios a Passos Coelho

Mais e Menos

Na avaliação da semana, a nota positiva é atribuída a Faria de Oliveira. Para Marques Mendes, o presidente da Caixa Geral de Depósitos «teve que resolver um dossier de grande responsabilidade», a questão da Cimpor. E Faria de Oliveira, apesar da interferência do Governo que quis impor Mário Lino, não se deixou pressionar e «escolheu o homem certo para o lugar certo» - Luís Palha, o CEO do Jerónimo Martins que já passou pela Cimpor.

A nota negativa vai para os manifestantes, e depois da semana passada ter manifestado «a minha grande compreensão» pelos protestos, esta semana, e «pelos mesmos critérios de justiça e equidade, uma palavra de censura», porque um símbolo nacional, no caso a bandeira, «não pode ser usada para uma pressão política», com essa atitude, afirma Marques Mendes, «aqueles manifestantes perdem a razão».
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