O Reino Unido vai disponibilizar 480 milhões de libras (cerca de 540 milhões de euros) para que, ao longo de três anos, França invista em tecnologia e policiamento com o objetivo de impedir que imigrantes atravessem o Canal da Mancha em embarcações e cheguem ao Reino Unido.
Esta é uma das medidas que faz parte de um acordo sem precedentes estabelecido entre o Reino Unido e França para combater o que os dois países consideram migração ilegal. O acordo foi assinado por Rishi Sunak e Emmanuel Macron esta sexta-feira, em Paris.
França pode assim contratar novos agentes, que vão usar tecnologia de ponta e contar com a colaboração dos serviços de informação.
Além disso, pela primeira vez o Reino Unido ajuda a financiar um centro de detenção no Norte de França para aumentar a capacidade de o país lidar com o volume de pessoas traficadas através do Canal da Mancha.
França garantiu ainda que vai dedicar uma unidade policial móvel, permanente, para lidar com os pequenos barcos. Drones e aviões vão ser usados para "reprimir as rotas de tráfico de pessoas".
"Essa cooperação tem como objetivo aumentar a taxa de interceptação para tentativas de travessia e reduzir drasticamente o número de travessias em cada ano, contribuindo para o nosso objetivo partilhado de, a longo prazo, interromper completamente essa rota de migração ilegal", diz um comunicado conjunto.
Ambos os líderes concordaram que o combate às redes que movimentam migrantes e refugiados é uma prioridade.
Sunak está convencido de que este acordo “vai fazer a diferença”. Para o primeiro-ministro, mais do que uma questão internacional este é um problema de política interna - não quer continuar a receber imigrantes no seu território.
Emmanuel Macron explicou que as duas nações, ligadas pela história e pela geografia, estão determinadas a "fazer progressos em sincronia" no combate à migração considerada ilegal, mas deixou claro que a França não irá aceitar de volta os migrantes que tentam cruzar o Canal da Mancha.
Macron também quer ver os movimentos migratórios reduzidos, mas para França as implicações são mais abrangentes: é preciso agir antes nas rotas que os migrantes usam para chegar à Europa Ocidental. Essa é uma discussão que o líder francês quer levar para a nova Comunidade Política Pan-Europeia (EPC).