Colecção Berardo vale dois CCB

As 862 obras da Colecção Berardo que vai ser instalada no CCB, em Lisboa, foram avaliadas em 316 milhões de euros pela leiloeira britânica Christies, anunciou esta quarta-feira a ministra da Cultura, Isabel Pires de Lima, citada pela Lusa.

«Este valor vem confirmar objectivamente a importância de uma colecção excepcional de arte moderna e contemporânea, que inclui nomeadamente obras de Picasso, Bacon, Andy Warhol, Miró, entre outros», disse a governante.

A ministra falava no Centro Cultural de Belém (CCB), durante a apresentação pública das primeiras aquisições do novo museu Colecção Berardo de Arte Moderna e Contemporânea, que abrirá ao público no segundo semestre de 2007.

De acordo com o protocolo entre o Estado e o comendador José Berardo, o coleccionador tem um prazo de trinta dias para dizer se concorda com a avaliação feita pela Christies, e que deverá manter-se durante os próximos dez anos.

Até 2016, o Estado terá opção de compra da colecção, pelo valor anunciado hoje, mas actualmente a ministra colocou de lado qualquer possibilidade imediata da compra do conjunto.

«O Estado não é comprador. Estamos longe disso mas o que importa é que, através do protocolo, temos a possibilidade de o fazer nos próximos dez anos ao mesmo preço», salientou a governante.

Isabel Pires de Lima considerou que «fixar esta colecção em Portugal é um dever patriótico, e foi dado o primeiro passo, com a assinatura do protocolo» com Joe Berardo.

Nos próximos dez anos, o Estado e Joe Berardo vão investir anualmente um milhão de euros em partes iguais em aquisições de obras de arte para a Fundação, constituída por representantes de ambos os parceiros.

Três Casas da Música ou dois CCB

O valor estimado pela Christies de 316 milhões de euros - disse também Isabel Pires de Lima - corresponde à construção de três Casas da Música e dois CCB.

Uma fonte do Ministério da Cultura revelou que entre as obras avaliadas constam um Picasso, cujo valor ascende a 18 milhões de euros, uma das peças mais caras da colecção, um Francis Bacon, cujo custo é de 15 milhões de euros, e um Andy Warhol avaliado em 12 milhões de euros.

No final da cerimónia, questionado pelos jornalistas, Joe Berardo escusou-se a comentar a avaliação da leiloeira britânica, justificando que a ministra da Cultura apenas disse o valor global da colecção e ele vai ainda estudar a avaliação peça a peça.

«O que me dá prazer é ver que a cultura é de todos e este património será preservado para a Humanidade. O meu problema é que eles (o Estado) vão ter opção de compra daqui a dez anos e essa vai ser decisão mais dura da minha vida», comentou.