Com bebidas e comida a serem transportadas para os respectivos bares/tendas, uma retroescavadora em manobras e vários montes de areia por aplanar, não era difícil chegar à seguinte interrogação: «O festival começa hoje ou para a semana?».
Três horas e meia mais tarde, os L'Herbe Folle lá acabaram por abrir os concertos no Palco Principal. A banda de Toulouse esforçou-se por entreter o público que ia entrando no recinto com uma sonoridade que junta o jazz à alegria típica de uma fanfarra circense e na qual o saxofone e o contrabaixo se destacam. Na plateia contavam-se muitos estrangeiros que estiveram em Santa Cruz a participar ou a assistir às várias competições de desportos de ondas durante o dia.
"Quem não dançar é um ovo podre"
Às 23h40 foi a vez dos portugueses Humble tentarem «puxar» pelo público. A banda lisboeta tem um segundo disco acabado de editar e levou uma mão cheia de novas canções para Santa Cruz. Entre o ska, o punk e o rock, "Change For Good" e "On The River" foram alguns dos temas apresentados no festival.
Cientes de que grande parte do público desconhecia as suas canções, os Humble nunca desistiram de tentar animar o ambiente à frente do palco. "Quem não dançar é um ovo podre" foi uma das deixas bem dispostas lançadas pela banda, mas mesmo assim as coisas continuaram bem calmas entre os festivaleiros.
Enquanto vários estrangeiros experimentavam um mergulho na piscina em frente à tenda VIP (zona onde não há bebidas gratuitas), um impressionante fogo-de-artifício assinalou a primeira noite de concertos no Ocean Spirit. O céu colorido de explosões de amarelos, vermelhos e azuis fez esquecer, por momentos, a falta de preparação na realização do festival. Pelo recinto terão passado cerca de 1500 pessoas, muitas delas mais interessadas em desfrutar do ambiente de festa de praia.
Corpos embalados ao som do reggae dos Groundation
Mesmo os cabeças-de-cartaz desta primeira noite, os norte-americanos Groundation, não terão trazido à Praia de Santa Rita uma legião de fãs, sendo recebidos por apreciadores de reggae em geral. Os oito elementos da banda californiana encheram o palco, liderados pelo carismático Harrison Stafford.
A longa barba e a voz singular do vocalista dos Groundation fazem de Stafford uma figura difícil de esquecer. Os corpos foram embalados ao som de novos e velhos temas de um projecto que já conta com mais de dez anos de existência.
O novo álbum "Here I Am" serviu de mote para o regresso dos Groundation a Portugal, mas em Santa Cruz também se ouviram temas como "What Could Have Been", de 2006.
A fechar as actuações esteve DJ Kalaxe, que deverá ter subido ao palco já bem depois das 2h00 previstas nos horários oficiais.
O arranque do Santa Cruz Ocean Spirit 2009 não vai deixar grandes saudades, esperando-se que a segunda noite traga mais público e mais diversão ao festival. Soldiers of Jah Army, Ana Free, Pow Pow Movement e Black Bombain são as propostas musicais para esta sexta-feira.