Quando no final do ano passado os Judas Priest anunciaram que iriam realizar a sua última digressão mundial de sempre, seria de esperar um Pavilhão Atlântico suficientemente composto de fãs para uma despedida em grande depois de quatro décadas de música.
Porém, esta quarta-feira, a sala multiusos lisboeta foi palco de um cenário desolador na adesão do público: palco puxado para além do meio do pavilhão e, tanto nas bancadas como na plateia em pé, pouca gente que não encheria sequer um Coliseu dos Recreios. «Poucos mas bons», dirão alguns, mas a verdade é que estes dinossauros do heavy metal mereciam muito mais público na despedida dos palcos portugueses.
Ainda assim, os Judas Priest mostraram-se irrepreensíveis na hora de recordarem os seus maiores êxitos através de uma viagem por 14 dos 16 álbuns editados desde 1974. Rob Halford, figura icónica do metal com a sua careca e roupas de cabedal, está perto de completar 60 primaveras e continua sem falhas na voz, mesmo nos estridentes gritos que marcam o seu repertório vocal.
De fora desta digressão está K.K. Downing, guitarrista substituído pelo competente Richie Faulkner, o que faz com que Glenn Tipton (guitarra) seja o único elemento fundador ainda no grupo. Ian Hill (baixo) e Scott Travis (bateria) completam uma máquina bem oleada que recuperou alguns clássicos incontornáveis da história do rock pesado, como «Breaking the Law» ou «You've Got Another Thing Comin'».
Em palco houve chamas, fumo, lasers, uma panóplia de luzes e uma mota para Rob Halford - os Judas Priest não temem os estereótipos do metal e na despedida não quiseram deixar de fora nenhum destes típicos elementos, para agrado de uma plateia com muita gente que terá seguido de perto o período áureo da carreira da banda nos anos 1980.
Ao longo de mais de duas horas, por entre riffs pesados e guinchos de guitarra, solos de bateria e muito headbanging, os Judas Priest souberam puxar pela nostalgia de forma feliz, incluindo também no alinhamento duas versões que se tornaram já suas: «Diamonds and Rust», de Joan Baez, e «The Green Manalishi», dos «Fleetwood Mac».
«Night Crawler», «Turbo Lover» e «Judas Rising» foram aquecendo os ânimos no Pavilhão Atlântico, mas foi com «Breaking the Law» (Halford deixou o público cantar toda a letra), «Painkiller», «You've Got Another Thing Comin'» e «Living After Midnight» que a actuação atingiu os pontos mais altos.
As despedidas finais fizeram-se com vénias e muitas palmas e a missão estava cumprida. Só foi pena ver um pavilhão tão despido de público para um «até sempre» que não acontece todos os dias.
Alinhamento do concerto:
1. Rapid Fire
2. Metal Gods
3. Heading Out to the Highway
4. Judas Rising
5. Starbreaker
6. Victim of Changes
7. Never Satisfied
8. Diamonds and Rust [Joan Baez]
9. Prophecy
10. Night Crawler
11. Turbo Lover
12. Beyond the Realms of Death
13. The Sentinel
14. Blood Red Skies
15. The Green Manalishi (With the Two-Pronged Crown) [Fleetwood Mac]
16. Breaking the Law
17. Painkiller
Encore 1
18. The Hellion / Electric Eye
19. Hell Bent for Leather
20. You've Got Another Thing Comin'
Encore 2
21. Living After Midnight
Lisboa despediu-se dos Judas Priest
- João Silva
- Manuel Lino (fotos)
- 28 jul 2011, 04:36
No (mais do que provável) último concerto de sempre em Portugal, os dinossauros do heavy metal foram irrepreensíveis no recordar dos clássicos
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