Meninas obesas entram mais cedo na puberdade

As raparigas que são obesas aos quatro anos têm maiores probabilidades de entrarem na puberdade antes dos dez, cerca de dois anos antes da média, afirma um estudo norte-americano publicado esta segunda-feira, noticia a agência Lusa.

Segundo o estudo publicado na edição de Março do American Journal of Pediatrics, as raparigas que sofrem de excesso de peso ou são obesas aos quatro anos têm maiores probabilidades de entrarem na primeira fase da adolescência mais cedo, nomeadamente antes dos dez.

Nas raparigas, a entrada na puberdade acontece habitualmente entre os onze e os 14.

Segundo os autores do estudo, a antecipação da puberdade encontra-se associada a um aumento de problemas psicológicos e sociais, como o consumo precoce de álcool e de tabaco, o início precoce de relações sexuais (maior incidência de adolescentes grávidas) e ainda a uma maior taxa de obesidade na idade adulta.

Joyce Lee, professora de endocrinologia pediátrica da Universidade de Michigan, Estados Unidos, e os seus colegas acompanharam cerca de 400 raparigas ao longo de vários anos, tendo registado o seu peso e os sinais de puberdade precoce através da observação e de entrevistas com as mães das crianças.

«Este estudo é crucial porque é o primeiro estudo de longo prazo que acompanhou várias raparigas dos três aos 12 anos de idade», afirmou a principal autora do estudo, Joyce Lee.

«Notamos sinais de puberdade precoce nas raparigas que aos quatro anos eram obesas ou sofriam de excesso de peso», disse a especialista, acrescentando que «até agora não se sabia se as raparigas eram obesas por entrarem mais cedo n a puberdade ou se atingiam a puberdade mais cedo por serem obesas».

Segundo Lee, depois de este estudo ter conseguido estabelecer uma ligação directa entre a obesidade infantil e a puberdade precoce, torna-se essencial «determinar agora se as medidas que visam o controlo de peso na infância podem ou não atrasar o avanço da puberdade precoce nas raparigas obesas».

Do total das raparigas que foram acompanhadas durante o estudo, aproximadamente 30 por cento tinham excesso de peso ou eram obesas aos nove anos de idade.

De acordo com Craig Williams, director-adjunto do Centro de Investigações da Saúde Infantil da Universidade de Exter (Reino Unido), outros estudos já tinham indicado que, além da obesidade, a falta de exercício acelerava a chegada da puberdade.

Na semana passada, no âmbito das Conferências sobre «Novas Patologias», que decorrem em Lisboa, um especialista espanhol afirmou que a obesidade tinha de ser finalmente percebida como uma "epidemia global", que num futuro próximo " pode vir a destruir o sistema de saúde pública".

Segundo Felipe Casanueva, o aumento drástico da obesidade na população mundial, especialmente em jovens e crianças, «deve-se as mudanças nos comportamentos alimentares e estilos de vida registadas nas últimas décadas, nomeadamente a redução dramática na actividade física e a ingestão exagerada de alimentos e bebidas altamente energéticos».