No final da reunião com os líderes do PSD, Pedro Passos Coelho, e do CDS-PP, Paulo Portas, que se realizou na sede do PS, o líder socialista, António Costa, considerou "insuficiente" o teor do documento apresentado pela coligação Portugal à Frente (PàF), tendo em vista encontrar um acordo de Governo.
António Costa adiantou então que iria enviar à coligação PSD/CDS uma carta em que transpunha para escrito as objeções dos socialistas em relação ao teor do documento.
Por sua vez, na quarta-feira, o presidente do PS, Carlos César, considerou que uma resposta positiva à carta de António Costa dirigida à coligação PSD/CDS seria uma das condições para prosseguir o diálogo político entre socialistas, sociais-democratas e centristas.
Carlos César defendeu também que a coligação PSD/CDS deverá também responder a um conjunto de questões que foram colocadas pelo PS no passado dia 10, solicitando elementos detalhados sobre a atualização de cenário macroeconómico e sobre a execução orçamental no corrente ano.
Continuação do diálogo depende agora do PSD e CDS
O presidente do PS advertiu hoje que, a partir do momento em que foi entregue a carta de António Costa ao PSD e CDS-PP, compete agora à coligação "admitir ou não" o prosseguimento do diálogo político.
Esta posição foi defendida por Carlos César numa nota enviada à agência Lusa, após os socialistas terem anunciado que o secretário-geral do PS, António Costa, tinha já concretizado a entrega da carta aos líderes do PSD, Pedro Passos Coelho, e do CDS, Paulo Portas, contendo a apreciação crítica das propostas antes apresentadas pela coligação, tendo em vista a procura de um acordo de Governo.
"O secretário-geral do PS, António Costa, enviou hoje à coligação PAF (Portugal à Frente) o documento que tinha prometido e que reduz a escrito e de forma detalhada o que havia transmitido na reunião da passada terça-feira. Fê-lo usando exatamente o mesmo tempo que a PAF usou para nos remeter a sua missiva após a primeira reunião: três dias", referiu o ex-presidente do Governo Regional dos Açores.
Segundo Carlos César, concretizado este passo por parte de António Costa, "compete agora ao PSD e ao CDS admitir ou não o prosseguimento do diálogo, aceitando ou não a plataforma política agora proposta".
" Cada um assumirá as suas responsabilidades ", avisou, antes de referir que o diálogo político que está a ser feito pelo PS "tem prosseguido com o Bloco de Esquerda e a Coligação Democrática Unitária (CDU)".
"O PS tem feito um grande esforço para aproximar e tornar compreensíveis as semelhanças e divergências reais entre todos os partidos e para identificar as melhores possibilidades de entendimento. É um esforço difícil, paciente, feito de boa-fé e por vezes incompreendido, mas indispensável", advogou o ex-presidente do Governo Regional dos Açores.
Carlos César rejeitou ainda a tese de que o PS pretenda chegar ao Governo a qualquer custo: "A posição determinante que hoje temos na evolução do quadro político e na constituição do futuro Governo não resulta de uma ambição defeituosa do PS mas, pelo contrário, de uma exigência conformada com a nova realidade parlamentar gerada em 04 de outubro que sugeriu a possibilidade e a necessidade de novas maiorias".
"Tenho dito que o PS não quer o poder a qualquer custo nem faz qualquer coisa para ser poder ou para oferecer poder a outros. Procuramos, sim, legitimamente, evitar os custos para os portugueses que resultariam do prolongamento de uma política de austeridade excessiva, insensível, incontrolada e de maus resultados", acrescentou o presidente do PS.
Sobre a questão se o presidente do PS prefere a viabilização de um Governo PSD/CDS pelos socialistas, ou um entendimento com o PCP e Bloco de Esquerda, Carlos César deixa a seguinte resposta: "Como a maior parte das pessoas tenho a minha opinião, mas não a devo expressar integrando a delegação negocial, embora o pudesse fazer de forma descomprometida, porque não persigo cargo algum para além do mandato parlamentar que recebi. Posso, porém, dizer que participo nestas negociações procurando a melhor solução que proteja, primeiro, o interesse nacional e, acessoriamente, o meu partido. Veremos qual é - e se é possível".