CDU contra novos colonizadores e «voto Fukushima» - TVI

CDU contra novos colonizadores e «voto Fukushima»

Jerónimo de Sousa acusa bancos de que está em causa soberania nacional e que bancos são como «um eucalipto que secará tudo à sua volta». Heloísa Apolónia diz que votar em PS, PSD e CDS é um desatre: «É um voto Fukushima»

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Última às actualização 20:29

A CDU escolheu o alto do Parque Eduardo VII, em Lisboa, como palco do primeiro comício de campanha. Jerónimo de Sousa apontou baterias à troika internacional, à «troika PS, PSD e CDs» e à banca, num discurso de alerta para a perda de «soberania nacional» com a «chamada ajuda internacional», que diz servir apenas os grandes interesses económicos. Os «novos colonizadores», disse, são Angela Merkel e Nicolas Sarkozy.

Para o líder comunista, «contas feitas», o dinheiro que vai ser emprestado a Portugal pelas instituições financeiras internacionais tem apenas dois destinatários: «De uma ou de outra forma, vai tudo direitinho para as mãos dos bancos e dos banqueiros».

Ao cidadão português caberá outro papel. Perante as muitas centenas de pessoas que tinha à sua frente, Jerónimo de Sousa puxou da letra de uma das músicas dos Homens da Luta para lançar a questão e responder em seguida: «E o povo, pá? Pois, o povo, quem trabalha e vive a sua vida honestamente, não só não recebe nada como ainda vai ter de pagar esses 78 mil milhões, mais os 30 mil milhões de juros».

Para Jerónimo de Sousa, a medida que se exige de imediato é a renegociação da dívida, para evitar mais austeridade que terá de ser paga pelos cidadãos. «Claro que os construtores e cúmplices deste acordo nada dizem sobre isto», salientou, acusando PS, PSD e CDS de, «para além do exercício da propaganda, levarem ao extremo o exercício da hipocrisia e da mentira». E explicou a razão do seu partido se ter recusado a sentar com a troika internacional: «Aquilo não era negociação nenhuma. Há momentos na história em que é preciso dizer que não».

Para Jerónimo de Sousa, este acordo trata-se de uma ameaça à soberania nacional, cujo objectivo é «continuar a sacar» ao povo, com a complacência de PS, PSD e CDS. «É tanta a submissão destes partidos, e destes senhores, que a senhora [chanceler alemã Angela] Merkel até já se acha no direito de dar ordens ao nosso povo sobre quanto tempo deve trabalhar ou quantos dias deve ter de férias». «O país não pode estar sujeito à banca nacional e internacional nem ter uma postura de colónia face aos novos colonizadores: a senhora Merkel e o senhor [presidente da república francesa Nicolas] Sarkozy».

«Querem contrair mais e mais empréstimos, para encher os bolsos a banqueiros e arrasar com as nossas possibilidades de gerar riqueza. Não tenhamos ilusões, a banca vai florescer como um eucalipto, mas tal como um eucalipto, a banca secará tudo à sua volta, impedindo que a economia se desenvolva, que haja mais riqueza», apontou.

«Voto Fukushima»

Antes de Jerónimo de Sousa, também Heloísa Apolónia, líder parlamentar do PEV, havia colocado questões semelhantes às de Jerónimo de Sousa, depois de considerar que o empréstimo de «milhões» servirá apenas a banca. «Então e nós? E o povo português? E a economia portuguesa não leva milhões?»

Em seguida, a ecologista disse que o acordo com a troika se trata de «abalo sísmico de grande intensidade do ponto de vista económico e social». E chegou mesmo a compará-lo com o que aconteceu na central nuclear de Fukushima, no Japão.

«O voto no PS, PSD e CDS é o voto Fukushima, porque é um voto que a qualquer momento pode explodir sobre o povo português e delapidar a vida das pessoas. Vale a pena correr esse risco?», atirou.

Heloísa Apolónia pediu depois que os eleitores «transportem a revolta» que sentem «para um voto útil nos que têm propostas para melhorar a vida e levantar o país do chão».
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