Língua é «identidade colectiva» - TVI

Língua é «identidade colectiva»

  • Portugal Diário
  • Sara Madeira para Lusa
  • 8 nov 2007, 21:26

Defendeu Cavaco Silva durante uma visita à casa do poeta chileno Pablo Neruda

O Presidente da República, Cavaco Silva, defendeu esta quinta-feira que a língua é «o factor mais forte da identidade colectiva» nacional, numa visita à casa-museu do poeta chileno Pablo Neruda.

«A língua portuguesa é o factor mais forte da nossa identidade colectiva», sublinhou o chefe de Estado, em Isla Negra, a cerca de 120 quilómetros de Santiago do Chile.

Na terra de Neruda, Cavaco Silva assistiu à récita de vários poemas por estudantes chilenos que aprendem português e portugueses a estudar no Chile, todos relacionados com o mar.

«Hoje ouvir aqui falar de mar em "chileno" e em português, é qualquer coisa que nos toca de uma forma muito particular», destacou.

«É uma coisa muito especial para um Presidente da República ouvir, junto ao Pacífico, falar na terceira língua europeia mais falada no mundo», acrescentou.

Numa tarde toda dedicada à poesia, a primeira-dama, Maria Cavaco Silva, deu uma "aula" dedicada à poesia sobre o mar, que começou na poesia trovadoresca do século XII e acabou em Sophia de Mello Breyner Andresen.

Pelo meio, os estudantes chilenos de língua portuguesa recitaram Camões e Fernando Pessoa, a maioria com sotaque brasileiro - «português com açúcar», chamou-lhe Maria Cavaco Silva.

«Era uma coisa que nunca me passaria pela cabeça estar um dia na casa de Pablo Neruda e falar das minhas duas grandes paixões - a poesia e o mar», afirmou a primeira-dama.

«A vida é sempre muito mais entusiasmante que a ficção...», acrescentou.

O Presidente da República inaugurou hoje em Isla Negra uma exposição, «Oceano de Culturas», dedicada precisamente à poesia sobre o mar.

Nesta ocasião, Cavaco Silva esteve acompanhado pela ministra da Cultura, Isabel Pires de Lima, que deixou uma mensagem aos estudantes chilenos de português.

«Quero saudar os estudantes chilenos de português e dizer-lhes que estejam certos que vale a pena», afirmou a ministra.

Como último momento da visita oficial de dois dias ao Chile, o chefe de Estado e a primeira-dama visitaram a casa de Pablo Neruda, onde o poeta viveu desde a década de 60 até perto da sua morte, em 1973.

O quarto de dormir do poeta, com grandes janelas viradas para o mar, é a divisão mais impressionante da casa, onde Neruda acumulou as suas várias colecções - desde copos coloridos a caracóis.

Aliás, Neruda chamava-se a si próprio «coisista», pela quantidade de objectos que armazenou ao longo da vida.

Foi em Isla Negra, através do único telefone de então da localidade costeira, que Pablo Neruda recebeu um telefonema muito especial: de Estocolmo, a anunciar que tinha ganho o prémio Nobel da Literatura, em 1971.
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