Exames: Governo está a trabalhar para as eleições - TVI

Exames: Governo está a trabalhar para as eleições

Paulo Portas

Oposição «uniu-se», no Parlamento, para acusar o executivo socialista de querer mostrar números positivos na educação

Relacionados
Paulo Portas acusou o Governo, esta sexta-feira, de procurar «estatísticas felizes» nas políticas educativas. Para o deputado do CDS «o nível de exigência foi reduzido» nos exames deste ano lectivo e, por isso mesmo, «não é de estranhar que quase todos tenham sido considerados fáceis ou facílimos». Recorde-se, por exemplo, que a Sociedade Portuguesa de Matemática, considerou o exame de Matemática «o mais fácil de sempre».

Nunca um exame foi «tão fácil»

O CDS chamou os exames nacionais ao Parlamento para propor que os exames sejam elaborados «por uma instituição independente, que possa garantir a sua credibilidade». Mas para além de um organismo independente, defendeu também a criação de um «banco de perguntas organizado por grau de dificuldade» e validado por sociedades científicas.

Durante a sua intervenção, Paulo Portas, acusou mesmo o executivo socialista de ter influenciado o conteúdo das provas deste ano. E para provar as suas palavras revelou instruções dadas directora-regional da Educação do Norte: «Os alunos têm direito a ter sucesso. Talvez fosse útil excluir de correctores aqueles professores que têm repetidamente classificações muito distantes da média». Mas «o que honra o trabalho do professor é o sucesso dos alunos», exclamou Portas.

«Estatísticas felizes»

Pelo Governo, o ministro dos Assuntos Parlamentares, Augusto Santos Silva, lamentou que só para o CDS «o sucesso dos alunos seja um problema nacional». O membro do executivo acusou ainda o CDS de «encher a boca com a necessidade de exames, para em seguida, sempre que se realizam, tentarem descredibilizá-los».

«O método do PS»

Paulo Portas elaborou ainda o que chamou «o método do PS» para a educação: «Portugal tem um problema de abandono escolar, o PS opta por acabar com as faltas injustificadas; Portugal tem um problema de insucesso escolar e a ministra insinua que os alunos devem todos passar e quando há problemas com os exames, a solução é sugerir que sejam mais fáceis».

Sem dúvidas sobre «o facilitismo», o líder do CDS garantiu que as provas deste ano recorreram a matérias de ciclos de ensino inferiores. «Estudantes de 15 anos responderam a perguntas que alunos de 10 anos também podiam responder. Enquanto alunos de 10 anos, responderam a questões que podiam ser para alunos com sete ou oito anos».



«Há batota»



Ao lado do CDS, esteve o PSD pela voz de Pedro Duarte: «Há uma busca obsessiva de resultados positivos pelo Governo». «Para nós o que está em causa é uma orientação para as próximas legislativas. Para mostrar bons resultados, está a fazer batota», acrescentou o deputado social-democrata.



Tanto o PCP como o Bloco de Esquerda discordam da existência de exames pelo «carácter eliminatório» da prova, que coloca na mesma bitola alunos com situações sociais e familiares muito diferentes. No entanto, Miguel Trigo (PCP) e Ana Drago (BE) concordaram com as suspeitas de «facilitismo» levantadas este ano.

«A ser verdade que o Governo deu orientações para os exames serem mais fáceis, agiu em benefício próprio e não dos alunos», defendeu Miguel Trigo. Por outro lado, Ana Drago considerou que «todo o país já compreendeu que existe uma lógica do Governo para pressionar para resultados positivos».

Afronta aos professores

Paula Barros, do PS, saiu em defesa do Governo e considerou que as suspeitas do CDS «são uma afronta para os professores». Perante resultados «que revelam melhorias», a deputada socialista lamentou que os democratas-cristãos não aceitem o «empenho e dedicação dos professores» como motivo para o sucesso e procurem outras «justificações».
Continue a ler esta notícia

Relacionados