«Economia raiana está a deslocalizar-se para Espanha» - TVI

«Economia raiana está a deslocalizar-se para Espanha»

CDU passou o dia no distrito de Portalegre. Começou em Elvas com uma «nega» ao PS e terminou em Ponte de Sor a pedir impostos mais baixos e combustíveis mais baratos na região raiana

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Jerónimo de Sousa terminou a jornada de campanha da CDU, que se centrou no distrito de Portalegre, com a exigência de uma «correcção fiscal» que permita à região raiana uma maior competitividade. Numa sessão pública em Ponte de Sor, o líder comunista avisou que a economia desta zona do país está a «deslocalizar-se para Espanha» e voltou a atacar os «partidos da troika».

«A injustiça fiscal combate qualquer possibilidade de competitividade das nossas empresas, da nossa agricultura», gritou Jerónimo de Sousa ao final da tarde desta segunda-feira no centro de Ponte de Sor, para depois passar a dar alguns exemplos do que considera serem condições desiguais entre as empresas portuguesas e espanholas da zona de fronteira.

«Por exemplo, em Portugal o IVA dos alimentos é de 6%, de 13% e de 23%, em Espanha é de 4% a 8%; o IVA dos medicamentos é de 6% a 23% em Portugal, em Espanha, de 4% a 18%; o IVA da restauração, 13% em Portugal, 8% em Espanha», explicou, para depois partir para os combustíveis.

O líder comunista salientou que, em 2010, o gasóleo foi «8% mais alto em Portugal do que em Espanha e que a gasolina foi 16% mais alta, tal como o gás natural, que depois dos impostos foi 12% mais alto».

«As empresas em Espanha têm mais apoios, têm combustíveis mais baixos, pagam menos impostos. Como é que uma empresa portuguesa pode competir neste quadro?», questionou.

Para Jerónimo de Sousa, uma coisa é clara: «A economia raiana está a deslocalizar-se para Espanha, onde os portugueses vão comprar a gasolina, a comida, a bilha do gás, onde já instalam a sede das empresas em Espanha para evitar pagar os impostos».

A solução para esta situação, segundo Jerónimo de Sousa, tem de passar pela «correcção desta injustiça fiscal», caso contrário, as pequenas e médias empresas portuguesas «jamais poderão concorrer em pé de igualdade».

Reforma de 300 euros é de 200

Depois voltou a atacar ainda PS, PSD e CDS pelo acordo assinado com a troika internacional, avisando que com os congelamentos de salários e pensões e os aumentos dos produtos nos próximos anos irão retirar poder de compra aos cidadãos. «Uma reforma que hoje vale 300 euros, com estas medidas passa a valer 200».

E, por essa razão, desafiou a população local a questionar os líderes destes partidos, caso eles passem em Ponte de Sor. «Se alguém vier aqui do PS, PSD CDS, perguntem-lhes: vocês assinaram o congelamento da minha reforma e da minha pensão? O congelamento do meu salário? Assinaram que o fundo de desemprego vai ser reduzido? Que a comparticipação dos medicamentos vai ser reduzida?».

Outro dos alvos foi Cavaco Silva, «que também foi com estes três partidos da troika». Lembrando que o Presidente da República pediu uma campanha de verdade e que os partidos não deviam prometer aquilo que não podem cumprir, Jerónimo deixou uma farpa: «Cavaco Silva deve sentir-se profundamente desiludido, porque os três partidos nem falam verdade e prometem aquilo que não podem cumprir».

Antes de Ponte de Sor, Jerónimo de Sousa almoçou em Portalegre - uma visita sem história - e passou pela Herdade Fonte Paredes, em Avis, que apresentou como um exemplo da «boa aplicação de fundos europeus» - abrindo um parênteses ao tom crítico com que sempre se refere à UE - e da «viabilidade da produção nacional».

A empresa, que emprega directamente 12 trabalhadores e explora uma área de 100 hectares de vinha, exportou no ano passado 38% da sua produção e aponta para 50% para este ano.

A manhã começara em Elvas, com um contacto com a população e a recusa da CDU em pactuar com o actual PS . Jerónimo admitiu o desejo de que os socialistas «seguissem outro caminho», mas que, nas actuais condições, os partidos da coligação não estão dispostos a ser «cúmplices desta caminhada para o desastre».
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