25 de Abril: PCP contesta alteração de cerimónias

O PCP contestou esta quinta-feira a sugestão do Presidente da República, Cavaco Silva, para que se repense o modelo de comemorações do 25 de Abril, negando que as celebrações populares ou a sessão solene no Parlamento tenham caído na rotina, noticia a Lusa.

«Dizer que as comemorações do 25 de Abril caíram na rotina assenta num de dois pressupostos: na ideia de que as comemorações se reduzem no fundamental à sessão solene da Assembleia da República e na ideia de que a própria sessão se afundou num mero e fastidioso cumprimento burocrático do calendário», criticou o líder parlamentar comunista Bernardino Soares.

«Ambas as ideias estão erradas», acrescentou, numa declaração política na Assembleia da República, que explicitou ter «como referência» a intervenção de Cavaco Silva na sessão solene de quarta-feira.

No seu discurso, o Presidente da República sugeriu que se repensasse o modelo de comemorações do 25 de Abril, questionando-se se não estarão a «converter-se num ritual que já diz pouco» aos cidadãos.

Em resposta, Bernardino Soares salientou que as comemorações da Revolução de '74 «se multiplicaram por todo o país», com espectáculos, exposições, filmes, festas e debates.

«Nada disto foi rotina, nem no conteúdo nem na forma», acentuou.

Por outro lado, o líder parlamentar comunista contestou «as pouco inocentes ideias de que a sessão solene é um bocejo».

«A sessão solene da Assembleia da República no 25 de Abril é sem dúvida em parte um ritual. Mas um ritual democrático cheio de conteúdo e significado. É um ritual e não uma rotina», defendeu.

Bernardino Soares sugeriu, sem se referir directamente a Cavaco Silva, que «alguns gostariam que as comemorações tivessem o mínimo conteúdo político e para isso desejariam a desvalorização» da sessão solene.

A intervenção de Bernardino Soares não teve qualquer eco nas restantes bancadas parlamentares.