Pacheco Pereira e Sócrates, o duelo - TVI

Pacheco Pereira e Sócrates, o duelo

Social-democrata confrontou Governo com o processo Face Oculta

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Dez anos depois, Pacheco Pereira regressou ao Parlamento como deputado. E logo com uma intervenção de peso, centrada na corrupção, tema que o programa do Governo «não deu nenhuma importância, nem uma página em 130».

«Sabemos que o primeiro-ministro ganhou as eleições e sabemos que as perdemos, oh se sabemos! Mas também sabemos que a Assembleia da República deste lado não é a de 2005. Se desse lado olhar para este, vê que só há um grupo parlamentar que encolheu [PS]», começou.

O social-democrata agradeceu a José Sócrates «a sua lição de humildade». «O primeiro-ministro apareceu aqui com um estado de alma de humildade. Mas seria bom compreender que a diferença entre uma maioria absoluta e uma relativa é que se o Governo chega aqui a comportar-se como se tivesse maioria absoluta, torna-se um factor de instabilidade e o Parlamento vai ensinar-lhe que não tem maioria absoluta, mas só relativa», completou.

Citando o processo Face Oculta, Pacheco Pereira pediu para o caso «ser visto do ponto de vista político e não só judicial». «Quando se verifica a existência de uma rede tentacular em empresas públicas que são, em última instância, responsabilidade do Governo, entende que há também responsabilidade política nos governantes que fizeram escolhas políticas para a gestão dessas empresas?», questionou.

O deputado do PSD exigiu então um «esclarecimento cabal das relações dos ministros, dos gabinetes ministeriais, do primeiro-ministro com as empresas e os interesses económicos, que lhe permitem distribuir Magalhães».

«Está disposto a dar ao Parlamento toda a informação necessária para podermos acompanhar a relação entre Governo e grupos económicos nesta fase em que há pouca transparência sobre essa matéria?», interrogou.

José Sócrates não foi menos brando na resposta e apontou que Pacheco Pereira «ainda não sabe quem perdeu as eleições». « Falar de humildade ao senhor deputado talvez seja um pouco excessivo. Uma vez revolucionário, revolucionário toda a vida. De defensor da classe operária, passou a defensor da classe política», atacou.

Brincando com o programa em que o social-democrata é comentador, Sócrates avisou que «isto não é a Quadratura do Círculo» para trazer «para aqui suspeições que costuma debitar na televisão».

«O Governo agirá de acordo com os princípios de Estado de direito para combater e prevenir a corrupção. Essa será a nossa prioridade na nossa conduta, sem lançar suspeições para tudo e para todos. Rejeito essa sua forma doentia de ver as coisas», concluiu.



Pacheco Pereira gesticulou, pediu novamente a palavra, discutiu com Jaime Gama e conseguiu o que queria, depois de ter sido apelidado de revolucionário: «Acha que me intimida chamando-me revolucionário? Talvez seja bom olhar para a sua bancada, o mesmo qualificativo pode servir para designar vários ministros e deputados.»

A primeira fase do debate terminou de forma abrupta, com Ribeiro e Castro, do CDS-PP, a tentar falar, mas Jaime Gama a não deixar.
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