Empresas de Godinho eram amigas do PS?: «Nem pensar!» - TVI

Empresas de Godinho eram amigas do PS?: «Nem pensar!»

Ex-ministro das Obras Públicas Mário Lino negou qualquer ligação

Relacionados
O ex-ministro das Obras Públicas Mário Lino disse hoje ao tribunal de Aveiro que jamais se referiu às empresas do sucateiro Manuel Godinho, principal arguido do processo Face Oculta como «amigas do PS».

«Nem pensar», afirmou Lino, contrariando assim a sua secretária de Estado Ana Paula Vitorino.

Durante a fase de instrução, a ex-secretária de Estado dos Transportes disse ter sido abordada pelo então ministro para resolver o conflito existente entre a Refer e o grupo de Manuel Godinho, alegando que as empresas do sucateiro eram aliadas do PS.

Já nessa altura, Mário Lino negou ter mantido tal conversa com Ana Paula Vitorino e disse não conseguir obter explicação para essas «injuriosas» considerações.

Em resposta a perguntas do procurador Marques Vidal, o ministro, que ocupou o cargo entre 2005 e 2009, negou quaisquer conversas com o banqueiro Armando Vara ou com o consultor Lopes Barreira sobre o sucateiro Manuel Godinho.

«Falava muito menos com Armando Vara do que com Lopes Barreira» mas, num caso ou noutro, «nunca houve nenhuma conversa comigo sobre o senhor Manuel Godinho», disse o ex-ministro, que está a testemunhar desde as 09:45 no tribunal de Aveiro e deverá prosseguir o depoimento por toda a tarde.

No processo, surgem interceções telefónicas em que Lopes Barreira promete falar com Mário Lino e o ex-ministro disse ter pedido explicações ao consultor e amigo, após notícias alusivas.

Barreira ter-lhe-á dito: «Eu conhecia o homem, passava a vida a chamar-me e eu tive de me descartar de qualquer maneira e disse que ia falar contigo».

Noutro ponto do seu depoimento, Mário Lino admitiu que pediu à administração da Refer para se reunir o principal arguido no processo Face Oculta.

O ex-ministro explicou que o pedido (rejeitou a expressão «ordem») surgiu após receber o sucateiro de Ovar e ouvi-lo queixar-se de que era perseguido na Refer e que não conseguia ser recebido pelo presidente da empresa.

Lino garantiu ter dito a Manuel Godinho, naquela reunião, que ele próprio também tinha dúvidas sobre o relacionamento comercial do sucateiro com a Refer e que isso o levara a mandar dois relatórios alusivos para a Procuradoria-Geral da República.

«Não tornei a falar com ele», sublinhou.

As declarações de Mário Lino levaram já o advogado Tiago Rodrigues Basto, que defende o arguido Armando Vara, a considerar que o ex-ministro foi «de uma clareza cristalina» ao rejeitar que o seu cliente o tivesse pressionado.

O processo Face Oculta está relacionado com uma alegada rede de corrupção que teria como objetivo o favorecimento do grupo empresarial do sucateiro Manuel Godinho nos negócios com empresas do setor empresarial do Estado e privadas.
Continue a ler esta notícia

Relacionados