BE: «O elo mais fraco está fora do Governo» - TVI

BE: «O elo mais fraco está fora do Governo»

Henrique Gomes, secretário de Estado da Energia

Partido diz que demissão do secretário de Estado da Energia se deve a uma divergência no Governo sobre a reforma do setor

Relacionados
O BE considera a demissão do secretário de Estado da Energia se deve a uma divergência no Governo sobre a reforma do setor e o fim das "rendas abusivas" existentes em Portugal.

«O secretário de Estado que era responsável por esta área, que tinha na mão fazer uma reforma para retirar estas rendas abusivas e reduzir os custos da energia para os portugueses, é aquele que se tornou o elo mais fraco e que está fora do Governo», afirmou o deputado bloquista Pedro Filipe Soares.

O deputado do BE comentava aos jornalistas, no Porto, a demissão de Henrique Gomes, conhecida na segunda-feira à noite, por razões «pessoais e familiares».

«Este é um ministério da maior importância, porque sabemos que deveria lidar com aquelas que são rendas abusivas no setor energético, particularmente no caso concreto da EDP», afirmou Pedro Filipe Soares, considerando que existe «um diferendo entre a defesa dos consumidores» e «dos grandes grupos económicos». «Aparentemente, que está a levar a vantagem são os grandes grupos económicos» acrescentou.

Também o deputado bloquista João Semedo afirmou que a demissão de Henrique Gomes está «carregada de razões políticas», dizendo estranhar que Artur Trindade «de um dia para o outro passe da regulação para a governação».

«Esta é uma demissão que foi conhecida ontem mas é uma demissão que se vem arrastando no tempo, em geral as demissões são sempre pessoais, mas esta está carregada de razões políticas», considerou Semedo.

«Este secretário de Estado tinha um dossiê importantíssimo, o da redução do preço da eletricidade, das tarifas da eletricidade, um dossiê com um enormíssimo impacto social e o que percebemos com a sua demissão é que mais uma vez foi o elo mais fraco que cedeu para que as rendas elevadíssimas e os lucros elevadíssimos da EDP possam continuar», disse João Semedo, apontando este motivo como «o significado político desta demissão».

Questionado se esta notícia fragiliza o Ministério da Economia, o deputado do BE respondeu que «acrescentam-se todos os dias novas fragilidades às fragilidades antigas».

«Este ministro da Economia sofreu ontem também mais uma fragilidade, mas isso já não é surpresa, já não é novidade», acrescentou.

Já questionado sobre o nome de Artur Trindade, até agora diretor de Custos e Proveitos da Entidade Reguladora do Setor Energético (ERSE), para suceder a Henrique Gomes, o bloquista considerou que «não deixa de ser estranho que o regulador, de um dia para o outro, passe da regulação para a governação».

Segundo Semedo, «esse é, do ponto de vista da democracia política, um mau exemplo».

O até agora secretário de Estado da Energia, Henrique Gomes, antigo administrador da REN e da Gás de Portugal, deixa o Governo após nove meses em funções.

O novo secretário de Estado da Energia, Artur Trindade, exercia o cargo de diretor de Custos e Proveitos da Entidade Reguladora do Setor Energético (ERSE).

O chefe de Estado conferirá posse ao novo secretário de Estado da Energia às 15:30 desta terça-feira, no Palácio de Belém.
Continue a ler esta notícia

Relacionados