Comício de arranque da CDU, com assobios a Sócrates e ao PS - TVI

Comício de arranque da CDU, com assobios a Sócrates e ao PS

Jerónimo de Sousa congratulou-se com a afluência à Praça Templo de Diana, em Évora, naquele que foi «o maior comício aqui, desde 1979»

Muitas críticas a José Sócrates e ao PS, neste primeiro comício da CDU deste domingo, na Praça do Templo de Diana, em Évora, que juntou seis mil pessoas, de acordo com números avançados pela CDU. O comício, em terra cara à CDU, marcou o arranque oficial da campanha, que há-de terminar no dia 25, em Braga.

O tom crítico ao Governo socialista, a Sócrates e ao PS marcou todos os discursos, incluindo o de Jerónimo de Sousa, que pôs em causa o esquerdismo do candidato do PS e do próprio Partido Socialista. «É de esquerda e pode falar em nome da esquerda quem corta nos salários e no investimento público, a coberto do défice?», perguntou Jerónimo de Sousa. A multidão respondeu com assobios e apupos dirigidos ao alvo de Jerónimo. Aliás, sempre que foi referido o nome do actual primeiro-ministro, do PS ou de políticas por eles levados a cabo, os assobios ecoavam junto ao Templo de Diana.

«Não é de esquerda quem passou quatro anos e meio do seu Governo a atacar quem vive do seu trabalho», prosseguiu o cabeça-de-lista da CDU, ressalvando que «é por isso que no dia 27 é preciso dizer basta, colocando o voto no sítio certo».

«Já alguém lhe perguntou: está a melhorar em quê?»

Jerónimo de Sousa discorda do PS e de José Sócrates, que «ainda esta semana voltaram a anunciar o princípio do fim da crise». «Não sei se alguém já lhe perguntou: está melhor em quê?», sugeriu o cabeça-de-lista da CDU, para logo recordar «novos encerramentos de empresas» e «novas situações de lay-off, como a da Marcopolo e a Rohde».

«O país e os seus problemas não se compadecem de leituras aldrabadas», defendeu.

No comício de Évora, Jerónimo de Sousa voltou a criticar o dinheiro canalizado para apoio à banca. «Às vezes, dizem que não há dinheiro. A banca entrou em crise e apareceram logo 20 mil milhões a ajudar a banca», disse.

«Nestes últimos quatro anos e meio, o país em vez de melhorar, piorou. Há mais desemprego, mais precariedade, menos investimento», disse, prosseguindo com a lista de problemas que o Portugal apresenta.

«O país está a pagar hoje o preço de anos e anos de política de direita do PS, do PSD e às vezes do CDS. (...) A grande verdade é que o país está há anos a acelerar divergências económicas e sociais, em relação à média europeia».

«A política de direita fracassou. (...) Os nossos objectivos passam por derrotar a política de direita e os seus executantes», acrescentou.

Jerónimo de Sousa recordou o último debate, entre José Sócrates e Manuela Ferreira Leite (ouviram-se novamente grandes vaias na Praça, quando referiu estes nomes), para lembrar que foi «um empate, um nulo, porque ambos defenderam as mesmas políticas». «Ouviram os camaradas e amigos alguma proposta do PS e do PSD que toque os grandes interesses e defenda os trabalhadores?», questionou.



«Programa de ruptura, patriótico e de esquerda»

«PS e Sócrates acenam com o "Papão da Direita" para pedir votos à esquerda. É a velha chantagem para manter tudo na mesma», acusou, perante uma multidão que acenava bandeiras brancas, azuis, verdes e vermelhas e apupava tanto ou mais o PS e Sócrates do que gritava pela CDU.

Por tudo isto, Jerónimo apresenta a CDU como a alternativa a esta «política de direita», levada a cabo pelo PSD, mas também pelo PS. «Só com um voto concentrado na CDU se caminhará em busca da mudança», disse, garantindo que «o voto na CDU não será traído».

Em Évora, no primeiro acto oficial da campanha eleitoral, Jerónimo de Sousa anunciou «um programa de ruptura, patriótico e de esquerda», que aposta no «desenvolvimento económico» e tem o «pleno emprego como grande prioridade», assim como o apoio às micro, pequenas e médias empresas» e «a valorização do trabalho e dos trabalhadores». Jerónimo de Sousa apontou ainda para uma «verdadeira reforma da Administração Pública, com criação das regiões administrativas».
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