Amor e ódio na descida do Chiado com Sócrates - TVI

Amor e ódio na descida do Chiado com Sócrates

Grande concentração seguiu o líder socialista na tradicional arruada... com muita contestação nos passeios

O cenário era de festa na rua e de ódio no passeio. José Sócrates fez a tradicional descida do Chiado esta sexta-feira acompanhado por Mário Soares, Almeida Santos e Manuel Alegre, e várias figuras de proa do PS. Algumas dentro da tão afamada «bolha» de segurança, outros mais à margem.

Atrás de Sócrates vinham em procissão alguns milhares de apoiantes de bandeiras em punho e crença no «partido do povo» e na «vitória» - palavras que tantas vezes foram pregão nesta campanha eleitoral que agora termina.

Quando se passava para o passeio, os insultos e empurrões entre apoiantes e pessoas que passavam na rua era de tal forma acalorada, que vários apoiantes socialistas tiveram de ser agarrados para não trocarem murros. A situação inversa também aconteceu, com transeuntes a insultarem fortemente militantes socialistas que gritavam por Sócrates.

Na mancha de gente que participava na arruada, uma mulher, Arminda, segurava um cartaz com várias notícias de jornal publicadas nos anos 90 com casos de corrupção ocorridos durante Governos do PSD. A intenção, segundo nos contou era apenas relembrar que «PSD=Corrupção» - escreveu no cartaz.

Os indianos e paquistaneses regressaram à rua para apoiar Sócrates. Depois da polémica com apoiantes oriundos destas paragens no comício de Évora, há quase duas semanas, para o qual terão ido a troco de um refeição, muitos dos quais sem sequer falar português... Eis que regressaram. Falámos com vários indianos que, num português atabalhoado nos explicavam que estavam ali para agradecer a nacionalidade que conseguiram, a qual pretendiam retribuir com o seu voto.

À passagem do Chiado para a Rua Augusta, a multidão quase deitava esplanadas cheias de turistas abaixo, como um tsunami. Das janelas saíam foguetes de confetis e fitinhas coloridas lançados essencialmente por imigrantes asiáticos. Era uma «chuva» de cor e alegria, como se vê na América. À frente da arruada, contudo, não se ouvia « When the Saints Go Marching In», mas sim o refrão «Cheira bem, cheira a Lisboa», uma fanfarra sem direito a intervalo.

Quando Sócrates chegou ao palco que o aguardava para algumas palavras, estava a suar em bica. «O que se vê aqui nesta descida é o grande partido do povo que é o Partido Socialista», atirou. A apenas algumas horas do fim desta campanha eleitoral, Sócrates aproveitou para relembrar uma vez mais que «só o PS tem condições para dialogar à esquerda e à direita». Mais uma vez porque vale a pena lembrar que, ao contrário do diálogo que todos os outros partidos recusaram ter com o PS, este ainda não deu o assunto por encerrado.
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