Sócrates, um primeiro-ministro sem fim - TVI

Sócrates, um primeiro-ministro sem fim

Depois de seis anos de governação, o socialista mais polémico dos últimos anos pediu a demissão. No entanto, o regresso pode estar para breve

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José Sócrates pediu a demissão a Cavaco Silva após o Parlamento ter chumbado o seu PEC 4. Terminou desta forma um longo «reinado» de seis anos, cujo final se adivinhava desde que perdeu a confortante maioria absoluta.

Tornou-se primeiro-ministro a 12 de Março de 2005, após derrotar Santana Lopes nas eleições legislativas. Antes já tinha 10 anos de Governo: foi secretário de Estado adjunto do ministro do Ambiente, ministro-adjunto do primeiro-ministro e ministro do Ambiente e do Ordenamento do Território.

Os momentos

Sócrates teve papel de protagonista na Europa quando assumiu a Presidência rotativa da União Europeia em 2007. Foi o rosto do Tratado de Lisboa e, ao lado do também português Durão Barroso, soltou o «porreiro, pá!» mais famoso dos últimos tempos.

A apresentação do «Magalhães», um pequeno computador mais ou menos português, foi outro dos momentos altos do então primeiro-ministro, que durante meses se encarregou pessoalmente de o distribuir um pouco por todo o mundo.

José Sócrates teve na avaliação dos professores talvez a maior bandeira dos seus governos. Mais de cem mil docentes saíram à rua, a ministra Maria de Lurdes Rodrigues foi odiada, mas o PM conseguiu segurá-la convictamente e avançar com as suas medidas.

Outro dos momentos difíceis de esquecer é o famoso jogging que fez questão de praticar nas suas visitas oficiais ao estrangeiro.

As polémicas

Em 2007, o «Expresso» revelou que o diploma de licenciatura de Sócrates, no curso de Engenharia Civil da Universidade Independente, foi assinado a um domingo, abrindo o debate sobre a eventual ilegalidade da sua formação.

Também a cadeira de Inglês Técnico, que o socialista completou a partir de casa, com um trabalho apenas, deu muito que falar.

Em Janeiro de 2008, o «Público» adiantou que José Sócrates assinou projectos de edifícios na Guarda durante uma década que não eram da sua autoria.

2009 começou com más notícias para José Sócrates: viu-se envolvido no processo Freeport, com suspeitas de corrupção e tráfico de influências quando era ministro do Ambiente.

No Verão em que se preparava para renovar o mandato, José Sócrates voltou às manchetes, com o célebre caso das escutas em Belém. Segundo o «Público», a Presidência da República temia estar a ser controlada pelo Governo. O tema foi bastante explorado por Manuela Ferreira Leite, mas foi Sócrates quem ganhou as eleições.

Os amigos

O homem forte de José Sócrates foi Teixeira dos Santos, ministro das Finanças e da Economia também quando foi preciso, «o rosto» das medidas mais difíceis deste Governo. As conferências de imprensa a dois, com algumas discussões e uns desmentidos pelo meio, foram uma imagem de marca.

O até agora primeiro-ministro viajou muito, mas as idas à Venezuela foram mais frequentes do que o normal. Hugo Chávez mostrou-se um acérrimo defensor de Sócrates e até lhe comprou muitos «Magalhães».

Outro dos polémicos amigos de José Sócrates, fruto do contexto internacional, foi o coronel Muammar Khadafi, que foi recebido em Lisboa com pompa e circunstância.

O regresso

Poucos estarão convencidos de que este é o fim de José Sócrates à frente do país. Com as eleições directas do PS à porta, a maioria dos socialistas parece continuar a confiar no secretário-geral para comandar o partido e, consequentemente, o futuro Governo que sairá das próximas eleições antecipadas.

Se os portugueses voltarem a dar uma maioria aos socialistas, Sócrates regressará com a legitimidade de governar reforçada por nova votação. E, se os eleitores optarem pela alternativa laranja, Passos Coelho já disse que não exclui o PS de um futuro Governo.

Considerado arrogante e prepotente pelos seus adversários, adorado pela sua coragem e convicção pelos seus seguidores, José Sócrates promete continuar por aí.
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