Cartão vermelho ao Governo: as razões - TVI

Cartão vermelho ao Governo: as razões

Debate quinzenal com o Primeiro Ministro

PCP apresenta moção de censura. E apesar do chumbo parlamentar, já previsto, Jerónimo de Sousa garante que vai ao encontro da «revolta sentida por centenas de milhar de portugueses»

São três anos de más políticas, de baixos salários, de aumentos de impostos e de milhares de serviços públicos encerrados. «São muitas as razões que justificam a apresentação de uma moção de censura ao Governo e à política do PS e de José Sócrates», que será debatida no hemiciclo no próximo dia 8 de Maio, apesar de estar já votada ao fracasso, uma vez que o PS detém maioria absoluta no Parlamento.

O líder dos comunistas esperam, contudo, censurar o Governo e «dar expressão à vasta frente de luta, protesto ao descontentamento à angústia e revolta sentidos por centenas de milhar de portugueses».

Foi a revisão do Código do Trabalho, que espoletou a apresentação desta arma parlamentar, e a quem o PCP pretende dar um cartão vermelho, porque, para o também deputado comunista, o documento é bem mais do que «uma gota de água».

Em conferência de imprensa na Assembleia da República, já depois de ter anunciado a moção de censura, duas horas antes, no debate quinzenal com José Sócrates, o secretário-geral admitiu que não é de esperar muito do processo que decorre em sede concertação social, com sindicatos, entidades patronais e o Governo: a moção decorre «independentemente» dessas negociações; «pode dizer-se que um ovo com salmonela não faz um boa omolete».

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Jerónimo de Sousa recordou tempos antes do 25 de Abril de 1974, para usar uma expressão quando, nesses tempos, negociava contratos colectivos de trabalho: «Costumávamos dizer - vamos jogar ao campo do adversário e o árbitro está comprado».

Inaptidão, gestão dos horários e contratação colectiva

«Os despedimentos com base em argumentos de grande subjectividade como a inaptidão e a incompetência municia a entidade patronal de despedirem quando, como e quantos quiserem». O PCP contesta o «plano subjectivo» em que é discutido o futuro dos trabalhadores e que «colide com o artigo 53 da Constituição da República».

Além da inaptidão, o líder dos comunistas, que repetiu os argumentos já enunciados no hemiciclo, atacou a gestão de organização do tempo de trabalho: «As organizações patronais querem dispor da vida profissional dos trabalhadores e da sua vida social e familiar».

Segue-se a questão da contratação colectiva: os trabalhadores «sempre ganharam por terem contratos colectivos, mas o patronato sempre preferiu o vazio, a inexistência de regras».

Porque «ninguém substitui os trabalhadores nos seus direitos», Jerónimo de Sousa quer que esta moção seja «uma manifestação política de grande importância», para que a Assembleia da República «não funcione apenas como um carimbo de notário» às políticas do Governo.
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