O líder do PSD, que será também líder da bancada parlamentar - pelo menos até que seja eleito um novo líder do partido, no próximo mês de fevereiro - garantiu no dia de tomada de posse dos deputados que não fará críticas gratuitas ao Governo socialista. E assumiu dúvidas sobre a capacidade de o Governo chegar ao fim da legislatura, ainda que admita que há condições para tal.
Não contem comigo para dizer mal do Governo por tudo e por nada, não é o meu estilo", disse aos jornalistas antes da cerimónia de tomada de posse. "Apontarei as insuficiências, mas naquilo que concordar, concordo, ponto final", acrescentou, dizendo que é assim que entende que deve ser feita oposição "Colocar o país em primeiro lugar não é dizer mal de tudo", frisou.
Num recado aos críticos do partido, "e porque vamos ter eleições internas", Rio voltou a dizer que a campanha é o tempo de marcar as diferenças entre partidos, e que não o fará agora durante a legislatura, como deputado e líder da bancada parlamentar.
Falando antes de assumir o lugar de deputado na Assembleia da República, Rui Rio esclareceu ainda que acumulará até à eleição do próximo líder dos sociais-democratas a direção da bancada parlamentar com a direção do partido, e que deixará de estar no parlamento logo que seja eleito o próximo líder. "Vamos eleger outro [líder] ou o mesmo, portanto é natural que a partir de março se ajuste a liderança".
Sobre a bancada parlamentar do PSD, Rio diz que foi escolhida com o seu contributo, admitindo que "alguns membros da bancada não se comportaram com a lealdade que lhes é devida".
E sobre o líder da bancada parlamentar que se lhe seguirá, Rio admite que, caso seja novamente eleito líder do PSD, já tem "alguém em mente", sem revelar o nome.
Quanto aos três novos partidos com assento parlamentar (Livre, Chega e Iniciativa Liberal), Rio diz que não terá problemas com as pessoas "desde que educadas" e que o PSD tem as suas posições e os restantes partidos terão as deles.
Acrescentou ainda que, nesta altura, "não faz sentido apresentar uma moção de censura", ao programa de Governo, uma vez que este foi democraticamente eleito e constituído pelo partido mais votado. "Não vejo necessidade de criar instabilidade depois de eleições".
Rio admitiu ainda que tem "dúvidas" de que a legislatura chegue ao fim, por ser um Governo minoritário que terá de recorrer a negociações permanentes. Porém, assumiu que a legislatura "tem condições" para ser cumprida.
A legislatura tem condições para durar quatro anos, eu é que tenho dúvidas se ela consegue durar os quatro anos, mas vamos ver”, afirmou.
Rio regressa ao parlamento 18 anos depois de ali falar pela última vez e 28 anos após a primeira entrada.
OE2020? "Não tenho dotes de bruxo"
O presidente do PSD afirmou “não ter dotes de bruxo” para definir a posição do partido em relação ao Orçamento do Estado para 2020, mas anteviu que será “muito difícil” que coincida com as linhas mestras dos sociais-democratas.
O PSD vai posicionar-se da forma como se posicionou em relação aos outros orçamentos: se quer que eu dê uma opinião sobre o Orçamento do Estado para 2020, eu não tenho dotes de bruxo, não posso dar opinião sobre o que não existe. Quando entrar no parlamento vamos olhar para ele, tecer as críticas que entendemos e concordar com pontos que podemos concordar”, afirmou Rui Rio, em declarações aos jornalistas depois de ter passado pelo acolhimento aos deputados.
Lamentando que haja “muita gente que fala sobre o que desconhece”, o líder do PSD admitiu, contudo, que será difícil que os pontos de vista sejam coincidentes com os do Governo.
A probabilidade Orçamento do Estado ser coincidente com as linhas mestras do programa do PSD parece-me muito difícil, mas aguardo, deixe ver qual é a proposta”, afirmou.