«Sócrates não pode tocar no que quer que seja» - TVI

«Sócrates não pode tocar no que quer que seja»

António Lobo Xavier lamenta críticas de «figuras de segunda ou terceira linha» ao CDS e rejeita qualquer hipótese de uma coligação com o actual primeiro-ministro ao leme

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António Lobo Xavier acredita que está «completamente vedada» a hipótese de o CDS-PP se juntar a um Governo liderado por José Sócrates, mas admite que terá de haver «diálogo» entre os partidos que assinaram o acordo com a troika.

«Não me parece que Sócrates possa ser peça de qualquer trabalho de reconstrução. Penso que está completamente vedada a hipótese de que o primeiro-ministro toque no que quer que seja», afirmou, aos jornalistas, durante uma visita à união de adegas Vercoope, em Santo Tirso.

Confrontado com as declarações do socialista José Junqueiro, que ontem acusou Paulo Portas de se pôr «em cima de um submarino» a falar de agricultura, Lobo Xavier acusou o PS de estar «um pouco desesperado». «Eles [o Governo] têm de sair compungidos com situação a que trouxeram o país», acusou.

O ex-líder parlamentar democrata-cristão quer ver o seu partido «coligado com forças políticas próximas», mas admite que o diálogo se possa estender ao PS, desde que sem José Sócrates.

«Não podemos ao mesmo tempo dizer que é preciso sancionar a pessoa que trouxe o país à bancarrota e depois dizer que somos capazes de governar com ele», explicou.

Lembrando as palavras do Presidente da República, que pediu um Governo maioritário, Lobo Xavier admitiu: «Não sei se o PS faz falta no Governo ou não». No entanto, parece-lhe «evidente» que haja diálogo entre os partidos que assinaram o memorando da troika. «Há a possibilidade de conversar com vários lados», acrescentou.

Traçando cenários para um futuro Governo, o político avisou que «o que falta ainda experimentar é um CDS forte». Por isso, ficará «mais confortável» se Portas conseguir «o mais alto» cargo possível no Governo, ou seja, o de primeiro-ministro. Mas, «se o ministério da Agricultura for o posto mais alto, estará bem aí», frisou.

Ainda questionado sobre as críticas vindas do PSD, sobretudo pelas vozes de Luís Filipe Menezes e Fernando Costa, António Lobo Xavier vê nelas «uma agressividade própria de alguma inexperiência e falta de calma».

« Figuras de segunda ou terceira linha a lançar gritos de rua desagradáveis não ajudam [uma futura coligação PSD/CDS]. Mas também não será com essas pessoas que se fará o essencial do trabalho no futuro», atirou.

Na visita à Vercoope, Lobo Xavier acompanhou Paulo Portas. Vários deputados estiveram também presentes. O líder do CDS-PP, um «apreciador de vinho em geral», bebeu o terceiro copo de vinho ao terceiro dia de campanha e brindou «à agricultura». No entanto, alertou que ainda «não há razões para comemorar».

O presidente da união das adegas, Jorge Basto Gonçalves, alertou para as «margens mínimas de lucro» que as cooperativas têm actualmente. «Temos vinhos de grande qualidade, mas o preço não premeia essa qualidade», explicou aos jornalistas.
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