Miguel Relvas, o ministro que era para ficar - TVI

Miguel Relvas, o ministro que era para ficar

Apesar de toda a polémica, muitos já não acreditavam na saída do ministro. O braço-direito do primeiro-ministro sai empurrado pela polémica licenciatura

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Miguel Relvas deixa o Governo esta quinta-feira depois de uma longa agonia a que muitos chamaram de «morte política». O responsável pelos Assuntos Parlamentares deixa assim o cargo político que assumiu, em 2011, e que desde o início foi criticado. O calvário de contestação que Relvas enfrentou nos dois anos de Executivo que se seguiram era difícil de imaginar. A saída, acelerada pela divulgação do relatório sobre a sua licenciatura, era esperada por uns, mas para outros seria já apenas uma esperança.

As críticas à escolha de Miguel Relvas para braço-direito de Passos Coelho começaram logo no início da legislatura, quando Marcelo Rebelo de Sousa, criticou a escolha de um homem do aparelho do PSD para uma função ministerial, considerando que Relvas era um «erro de casting». O amigo de longa data, mais de 30 anos, de Pedro Passos Coelho ficou com a coordenação política do Governo e a difícil tarefa de fazer funcionar a coligação de direita na Assembleia da República. Rapidamente, a influência de Relvas no Executivo se tornou evidente e se percebeu que, este, era um ministro para ficar.

Esta foi a segunda vez que Miguel Relvas desempenhava um cargo governamental. Foi secretário de Estado da Administração Local de Durão Barroso, entre 2002 e 2004. Nascido em Lisboa, formou-se em Ciência Política e Relações Internacionais pela Universidade Lusófona depois de ter desistido do curso da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa.

E aqui, nesta parte do currículo do ministro de saída que se escreveu a página determinante na carreira política do ex-secretário de Estado. Há mais de um ano que rebentou o escândalo relacionado com as equivalências na sua licenciatura em Ciência Política realizada na Universidade Lusófona. Em causa, o facto do ministro ter completado a licenciatura num ano com equivalências a 32 das 36 cadeiras do curso por via da experiência profissional.

Mas este era um ministro de casos. Não fossem as páginas de jornais que se encheram em torno dos seus atos e, ou das suas relações. Em causa, as alegadas pressões à comunicação social ou as relações com o ex-espião Jorge Silva Carvalho.

A contestação pública ao ministro atingiu o ponto alto quando, em fevereiro, no âmbito da contestação ao Governo, Miguel Relvas foi impedido de falar no ISCTE, na conferência dos 20 anos da TVI. As vozes que pediam a demissão voltaram, mas mais uma vez este ministro resistiu.

Relvas continuou a carregar as críticas de vários quadrantes e a contestação na opinião pública. Entre muitos se clamou pela demissão, mas o ministro político manteve-se até hoje. A proximidade da divulgação do relatório sobre o inquérito instaurado pelo Ministério da Educação terá dado o golpe final.

A saída de Relvas de ministro é uma saída de linha da frente do Governo, mas não deverá significar uma saída da política do social-democrata, que há muito se mexe nos corredores do poder. Em 1991 estreou-se como deputado na Assembleia da República, casa onde permaneceu até 2009 - durante sete legislaturas.

Aos 26 anos foi secretário-geral da Juventude Social-Democrata, cargo que desempenhou durante dois anos e altura em que se cruzou com Pedro Passos Coelho. Pelo meio foi deputado na Assembleia Municipal de Tomar (1997/2009), presidente da Região de Turismo dos Templários( 2001/2002).

Miguel Relvas, de 51 anos, foi ainda secretário-geral do PSD entre 2004 e 2005, cargo que desempenhava desde 2010 ao lado de Pedro Passos Coelho.

Na sua biografia oficial publicada no site da Assembleia da República, apresenta-se como gestor de profissão. Está presente em várias empresas: Sociedade Barrocas, Sarmento e Neves, Roff, Consultor da GIBB - Portugal, corrector da Euromedics e administrador executivo da Fineterc.
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