Ferro: Governo deve ter «menos arrogância» - TVI

Ferro: Governo deve ter «menos arrogância»

  • Portugal Diário
  • 3 jan 2008, 00:00

Ex-líder do PS diz que vai até ao recurso final no processo Casa Pia

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O ex-secretário-geral do PS Ferro Rodrigues avisa que, se o actual Governo pede sacrifícios, é «indispensável» que o faça com «menos arrogância e mais humildade», e adianta que irá até ao recurso final no processo Casa Pia.

As posições do ex-ministro socialista são assumidas em entrevista à revista «Visão», que será publicada quinta-feira, quebrando assim um período de cerca de três anos de silêncio em matéria de intervenções na vida política nacional.

Sobre o actual Governo socialista, Ferro Rodrigues começa por observar que lhe faz «confusão que, para algumas pessoas, dizer bem deste primeiro-ministro [José Sócrates] seja dizer mal de Guterres».

Depois, em relação à actual política do executivo de maioria absoluta socialista, Ferro Rodrigues deixa um aviso: «Pedem-se sacrifícios a uma parte importante da classe média e a uma determinada geração, que tem entre 45 e 65 anos (¿). Se esses sacrifícios são pedidos, é indispensável que isso se faça com menos arrogância e mais humildade», sustenta.

Casa Pia: Ferro critica justiça

Na entrevista que Ferro Rodrigues concede à revista «Visão», o processo Casa Pia é outro dos capítulos fortes.

O ex-secretário-geral do PS lamenta que, «até hoje, a justiça não tenha apurado as razões e as motivações» de indivíduos que diz terem-no caluniado na fase de inquérito do processo.

«Espero que os que me causaram tão graves danos expliquem por que mentiram e foram elementos activos numa tentativa, mais do que de assassínio político, de assassínio de carácter e cívico», advoga, antes de advertir que, «com grande inconformismo», irá «até ao recurso final» no processo Casa Pia.

Ainda em relação a este caso, Ferro assume que voltaria a alertar os então procurador Geral da República [Souto Moura] e o Presidente da República [Jorge Sampaio] quando soube que estavam «em marcha denúncias caluniosas» contra si «e outras pessoas da direcção do PS».

«Não fiz pressão para evitar isto ou fazer aquilo. Tentei alertar para o perigo de haver prisões ilegais, como houve, e para um ataque terrível a uma direcção partidária, como aconteceu», refere, numa alusão indirecta à detenção do seu ex-número dois Paulo Pedroso.

Ferro admite à revista «Visão» escrever mais tarde um livro sobre o processo Casa Pia e garante que nunca utilizou a expressão «cabala» em relação a este caso.

«Podem procurar à vontade», diz, antes de referir que houve no entanto «pessoas que prestaram declarações falsas e caluniosas, e sabe-se hoje quem são».

«Se houver vontade de investigar, confio em que, um dia, saberemos. Poderá ser é tarde de mais», alerta.

Ferro Rodrigues abandonou a liderança do PS em Julho de 2004, depois de o ex-Presidente da República Jorge Sampaio ter recusado a exigência do PS de convocar eleições legislativas antecipadas logo após a saída de Durão Barroso do cargo de primeiro-ministro para exercer as funções de presidente da Comissão Europeia.
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