A «suspensão da democracia» segundo o BE - TVI

A «suspensão da democracia» segundo o BE

José Manuel Pureza

José Manuel Pureza lembra que "troika" vai impôr limites para políticas dos próximos anos

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O Bloco de Esquerda aludiu esta quarta-feira à «suspensão da democracia» nos dias que Portugal está a viver, lembrando que nenhuma política ou opção governativa dos próximos anos poderá sair dos limites que a "troika" internacional impuser, escreve a Lusa.

«Se havia alguma ironia na alusão a uma suspensão da democracia por seis meses, há tempos feita por uma dirigente do PSD, essa ironia desfez-se por inteiro na realidade de uma efectiva suspensão da democracia nos dias que estamos a viver», afirmou o líder parlamentar do BE, José Manuel Pureza, numa declaração política na comissão permanente da Assembleia da República.

Pois, acrescentou, «nenhuma política, nenhuma opção governativa, nenhuma decisão fundamental de administração poderá sair dos limites que a "troika" impuser e terá que ir a exame prévio dos senhores de fato cinzento».

Falando no «programa de Governo do FMI» que está a ser desenhado pelos responsáveis das organizações internacionais que chegaram a Lisboa depois do pedido de ajuda externa, José Manuel Pureza destacou aquelas que, segundo o BE, «num descaramento sem limites» serão as prioridades: a penalização do salário mínimo e do subsídio de desemprego.

Numa intervenção centrada na actualidade política, o líder da bancada do BE deixou ainda duras críticas ao PS e à direita parlamentar, acusando-os de se «aprestarem a ser os executores» do «programa de Governo do FMI».

«A "troika" nacional é um eco obediente e cordato da "troika" de Bruxelas e de Nova Iorque», acusou, fazendo, contudo, questão de destacar a posição dos sociais-democratas.

«Justiça se faça ao PSD: é aquele que mais se quer destacar aos olhos do FMI e dispõe-se mesmo a ir à sua frente a destruir por antecipação o Estado Social fragilizado pelos PEC em que deu o braço ao PS», declarou, numa alusão à privatização da Segurança Social.

A cerca de mês e meio das eleições legislativas antecipadas de 5 de Junho, o líder parlamentar do BE fez ainda referência àquilo que estará em jogo nessa altura, alertando para a estratégia que será seguida pelo PS e pelo PSD de discutir o «acessório para esconderem, o melhor que puderem e conseguirem o essencial», ou seja, que «o seu programa é o do FMI».

«Na versão a conta-gotas do PS ou na mais eufórica da direita, a resignação perante o empobrecimento colectivo do país e o reforço da desigualdade social é tudo o que nos apresentam», resumiu, insistindo na ideia que «há uma alternativa» que também irá a votos.
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