Cavaco surpreendido com fugas para o WikiLeaks - TVI

Cavaco surpreendido com fugas para o WikiLeaks

Candidato presidencial reage às considerações de embaixadores com humor

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O candidato presidencial Cavaco Silva manifestou-se esta terça-feira surpreendido com a fragilidade do sistema de segurança norte-americano que permite a divulgação de correspondência diplomática, mas notou que os embaixadores «às vezes são bastante imaginativos».

«Há uma coisa que me surpreende: como é que um país como os Estados Unidos tem um sistema de segurança que afinal é tão frágil, que permite que os telegramas confidenciais, secretos, reservados, enviados pelos embaixadores que têm em todas as partes do mundo se tornem acessíveis desta forma, para mim essa é a grande surpresa», afirmou Cavaco Silva, a propósito da divulgação de correspondência da diplomacia norte-americana.

Questionado se se revê no retrato que de si é feito nos telegramas provenientes da embaixada norte-americana em Lisboa, o também Presidente da República reagiu de forma bem-humorada, considerando que «as imaginações e os juízos dos senhores embaixadores dos Estados Unidos em Portugal só eles de facto podem esclarecer».

«Os embaixadores às vezes são bastante imaginativos e até às vezes gostam de escrever aquilo que os patrões gostam de ler nas mensagens que mandam para as suas sedes», sublinhou Cavaco Silva, que falava aos jornalistas depois de ter formalizado a sua candidatura às eleições de 23 de Janeiro.

O jornal espanhol El País divulgou domingo vários telegramas da diplomacia norte-americana disponibilizados no site da Wikileaks sobre Portugal. De acordo com o diário espanhol há telegramas onde se afirma que Portugal permitiu aos Estados Unidos utilizar a base das Lajes, nos Açores, para repatriar detidos de Guantanamo.

Os mesmos documentos mencionam ainda opiniões da diplomacia americana sobre os chefes de Estado e de Governo portugueses, assim como sobre os líderes dos partidos da oposição. Cavaco Silva é destacado pelo «seu esforço em ser um mandatário bipartidário» mas a quem a embaixada atribui «sérias vinganças políticas pelo simples facto de não ter sido convidado à Sala Oval na Casa Branca».

Sublinhando que em alguns casos o que tem sido divulgado não constitui «grande revelação em relação aquilo que quem está nos centros de poder eventualmente já sabia», Cavaco Silva disse que quando às referências de si próprio praticamente não aparece na «fotografia» e que apenas é dito que gostaria de ter ido à Casa Branca.

«Eu sei que há muitos políticos que gostam de ir à Casa Branca para ficar na fotografia para o seu currículo, mas eu penso que sou o português, ou pelo menos o político português, que mais vezes esteve na Casa Branca», referiu, lembrando que lá esteve «várias vezes», com os Presidentes Reagan, Bush pai e Clinton e até conhece a residência particular os Presidentes dos Estados Unidos.

Quanto às referências a que terá feito sobre a imprensa em Portugal ser «suave», o chefe de Estado e recandidato ao cargo confessou não se recordar de alguma vez ter feito tal afirmação mas lembrou que é uma pessoa «muito educada».

«Digo que a imprensa em Portugal é suave, sabe eu sou uma pessoa muito educada e sou educado para com todos, até com a imprensa», sustentou.

Cavaco Silva escusou-se, contudo, a fazer comentários sobre o telegrama onde é mencionada a disponibilidade de o presidente do BCP, Carlos Santos Ferreira, para canalizar para Washington informações sobre o sistema financeiro do Irão.

«Não conheço e eu não gosto de me pronunciar daquilo que não conheço. Li nos jornais ontem [segunda-feira] e foi a primeira vez que ouvi falar no assunto», afirmou.
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