Louçã apresenta programa do Bloco - TVI

Louçã apresenta programa do Bloco

Coordenador do BE acusa opositores de facilitar o desemprego e «esvaziar o conceito de justa causa»

O coordenador do Bloco de Esquerda (BE), Francisco Louçã, deixou, esta quinta-feira, um alerta ao eleitorado, para que não permita que o «centro-direita» saia vencedor das eleições de 05 de Junho. Durante a apresentação do programa eleitoral do Bloco, Louçã primou pelas críticas aos opositores, com especial enfoque no Partido Socialista.

«Se o centro-direita governar, temos a certeza que o desemprego vai aumentar. (...) O Estado-social será atingido nos seus fundamentos mais importantes», disse, acusando os partidos que assinaram o memorando da «troika» de «facilitar o desemprego» e «esvaziar o conceito de justa causa».

Louçã sublinhou que «o texto apresentado pela "troika" e assumido pelo PS, PSD e CDS» não diz «uma palavra sobre o que espera que aconteça já este ano e já no próximo ano com o aumento do desemprego». «Diz-nos que em 2011 e em 2012 a recessão vai cavando cada vez mais fundo e até admite que em 2013 já possa haver uma ligeira recuperação, 200 mil desempregados a mais, não diz, portanto, uma palavra, e é um défice de verdade e de responsabilidade, qual é o nível de desemprego projetado pelo impacto negativo destas medidas recessivas», acusa.

O líder do Bloco de Esquerda criticou ainda a política de privatizações previstas no memorando da «troika», nomeadamente dos CTT, «um dos pilares da modernização do país desde o século XIX».

Assim, Louçã diz que é necessária uma mudança saída das eleições de 5 de Junho, «um abanão eleitoral, um 25 de Abril», «indispensáveis» para devolver a força ao país.

Programa assente na reestruturação da dívida e no emprego

Do programa eleitoral do BE, intitulado «Mudar de Futuro ¿ Pelo Emprego e pela Justiça Fiscal», Francisco Louçã destaca «duas ideias construtivas». Uma que se prende com a dívida externa e outra que se prende com o combate ao desemprego.

«Portugal não pode pagar a cinco por cento uma dívida que estava a pagar a três por cento», alertou Louçã.

«O BE pediu uma auditoria à dívida. (...) Não há ninguém que vá a um restaurante que pague a conta sem deitar o olho à factura. E nós queremos saber qual é a factura», justificou.

Para pôr Portugal fora do ciclo da dívida, o Bloco de Esquerda propõe a criação de um «fundo de resgate da dívida», alimentado por «três recursos»: imposto sobre as mais-valias urbanísticas, imposto de uma milésima sobre as transacções bolsistas e taxa sobre as transferências para offshores.

Alegando que, «trabalhar em Portugal é muito difícil, ser despedido é muito fácil, ganhar pouco é a regra e não ter contrato é a norma», o BE defende medidas de «criação de emprego através da satisfação das necessidades das pessoas», como a aposta na ferrovia de proximidade e na reconversão urbana.

No final, Louçã citou uma canção dos Deolinda, para desejar que «uma onda inverta a marcha» e «contrarie toda a maré».

Os Deolinda parecem ter sido escolhidos para banda sonora da campanha eleitoral que se avizinha. Depois do discurso de Louçã, os altifalantes da sala do Hotel Sana, em Lisboa, entoavam «agora sim, vamos dar a volta a isto! Agora sim, há pernas para andar! Agora sim, eu sinto o optimismo!».
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