CIA: Luís Amado «apaga» Durão Barroso - TVI

CIA: Luís Amado «apaga» Durão Barroso

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Parlamento Europeu vai aprovar resolução sobre utilização de países europeus para voos sem referência a Portugal

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O Parlamento Europeu deverá aprovar quinta-feira uma resolução sobre a utilização de países europeus pela CIA sem referência a voos em Portugal «durante o Governo Barroso», após a «indignação» manifestada pelo ministro Luís Amado, apoiada pelos Socialistas Europeus.

Depois de ter tido conhecimento dos projectos de resolução, o ministro dos Negócios Estrangeiros enviou, esta semana, uma carta de protesto ao presidente do Parlamento Europeu, à qual a Agência Lusa teve acesso, na qual nega a existência de novas informações que levem o Governo a alterar a sua posição e a advertir que é a credibilidade da assembleia que está em causa.

A questão foi discutida esta quarta-feira em Bruxelas no seio do Grupo dos Socialistas Europeus, no qual está integrada a delegação do PS ao PE, que apoiou a supressão da referência a Portugal, curiosamente da autoria de um eurodeputado socialista, o italiano Cláudio Fava, autor do relatório final da Comissão Temporária sobre os voos da CIA aprovado em plenário há dois anos.

Proposta de várias famílias políticas

A proposta de resolução comum apresentada por várias famílias políticas - Socialistas, Liberais, Verdes e Grupo de Esquerda Unitária - continha, na sua versão original, uma referência a «novas informações» relativamente a «voos da CIA em Portugal, com transporte de detidos, durante o Governo Barroso», ou seja quando o actual presidente da Comissão Europeia era primeiro-ministro.

Numa carta enviada segunda-feira ao presidente do Parlamento Europeu, Amado comunicou a Hans-Gert Poettering a sua «surpresa e indignação» por ter constatado que nos projectos de resolução haver referências a «declarações supostamente novas» que teria feito «alegando o envolvimento do Governo português então chefiado pelo actual presidente da Comissão Europeia».

«Tive a ocasião, na altura, de repudiar por inteiro e de forma inequívoca tais alegações, que reputo de totalmente falsas e injustificadas», escreve o chefe de diplomacia na missiva enviada a Poettering.

Irresponsável lançar suspeitas

Apontando que lhe «parecia irresponsável lançar suspeitas sobre anteriores Governos com base em meras alegações ou especulações», dado não existirem «informações supervenientes» que alterem aquilo que o actual Governo tem vindo a reiterar, ou seja, que «não tem conhecimento de qualquer ilegalidade cometida a este respeito pelo Estado português», Amado afirma na carta que é a própria credibilidade do Parlamento Europeu que está em causa.

Dirigindo-se a Poettering, o ministro diz que «a eventual aprovação de uma resolução» com uma referência nos teremos anteriormente descritos, ignorando o seu «desmentido formal, colocaria em causa a própria credibilidade do Parlamento Europeu».

A proposta de resolução comum apresentada pelos Socialistas europeus, Liberais, Verdes e Grupo de Esquerda Unitária, com um balanço do acatamento pelos Estados-Membros das recomendações contidas no relatório final da Comissão Temporária, continha, na sua versão original, uma referência a «novas informações» relativamente a «voos da CIA em Portugal, com transporte de detidos, durante o Governo Barroso».

Votação na quinta-feira

A resolução vai ser votada quinta-feira durante a mini-sessão plenária do Parlamento Europeu que decorre em Bruxelas, na sequência do debate realizado na sessão de Estrasburgo, há cerca de duas semanas.

Na ocasião, a eurodeputada socialista Ana Gomes desafiou Durão Barroso a revelar o teor de reuniões entre os seus conselheiros diplomáticos e Condoleeza Rice sobre a utilização de território português para o transporte ilegal de prisioneiros pela CIA quando era primeiro-ministro.
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