Trabalhadores da Autoeuropa acusam empresa de reduzir salários em 30% (Actualização1) - TVI

Trabalhadores da Autoeuropa acusam empresa de reduzir salários em 30% (Actualização1)

Carro Polo da Volkswagen

(Actualização) Os trabalhadores da Autoeuropa estão «desagradados» com a proposta da administração da empresa, de manter congelados os salários por mais um ano, em troca de dias de não produção pagos e de não efectuar despedimentos.

«A conversa nesta primeira reunião foi a mesma de sempre: não há dinheiro», afirmou fonte da Comissão de Trabalhadores à Agência Financeira. A mesma fonte aproveita para denunciar a situação que se passa na transferência de pessoal da Autoeuropa para a nova empresa do grupo, a Autovision, criada no segundo trimestre do ano.

Seguindo o exemplo da casa-mãe, a fábrica portuguesa criou uma unidade de prestação de serviços de outsourcing e insourcing, cujo quadro de pessoal é inteiramente composto por técnicos transferidos da Autoeuropa, dedicada à produção do novo modelo Cabrio da Volkswagen. A ideia era reduzir as despesas com pessoal, por parte da empresa, contornando a legislação laboral portuguesa, considerada pouco flexível.

Mas, segundo os trabalhadores, esta prática resultou num verdadeiro atropelo aos seus direitos. «A empresa está a reduzir os salários dos trabalhadores que estão a ser transferidos para essa nova empresa em até 30%», acusa. Nesta altura, segundo esta fonte, passaram já para a Autovision 70 trabalhadores com vínculo à Autoeuropa, sendo que algumas destas pessoas estavam «efectivas e quando entraram na fábrica estavam a ganhar mais do que agora».

«São sobretudo trabalhadores dos sectores de não produção e de logística, como os que operam as empilhadoras e servem a linha de montagem», explica a Comissão de Trabalhadores. A Autoeuropa contrata depois os seus serviços como outsourcing e assim poupa na factura salarial.

«Isto tem sido uma espécie de imposição, porque nós temos um acordo que não permite despedimentos até Dezembro. Mas a empresa tem dito aos trabalhadores que quem não aceita a transferência para a Autovision nestas condições, vai para a linha. E como não podem ir todos para lá, a partir de Dezembro existe a ameaça dos despedimentos», dizem os trabalhadores.

Contactada a empresa, não foi possível até ao momento obter qualquer esclarecimento a este respeito.

Fábrica não sobrevive sem outro modelo

Os trabalhadores da Autoeuropa «obviamente não estão satisfeitos» com a proposta apresentada pela administração da empresa, de manter o congelamento de salários, acordado já no passado. Os responsáveis da Comissão de trabalhadores reuniram esta manhã com a administração da empresa para debater as condições futuras de trabalho.

Na primeira abordagem, os trabalhadores mostraram-se muito «desagradados», até porque, dizem, «dois anos sem aumentos já é muito tempo».

No entanto, admitem que a produção do novo Cabrio «não chega para sustentar a fábrica, precisamos, obviamente de outros modelos».

Com isto concorda a Autoeuropa. A responsável do departamento de relações públicas da empresa, Carmo Jardim, garantiu que caso a resposta seja negativa, e a Volkswagen na Alemanha não autorize a produção do novo modelo todo-o-terreno em Portugal, «continuamos empenhados a lutar, em sermos competitivos para trazermos outro produto para a Autoeuropa».

Até 2008, a plataforma portuguesa vai deixar de produzir os modelos VW Sharan e Seat Alhambra, e, se alternativas não forem encontradas, os postos de trabalho ficam ameaçados. «Para a Autoeuropa continuar a ter futuro, precisa de outros produtos para a empresa», admitiu Carmo Jardim.

Anteriormente, os trabalhadores da Autoeuropa aceitaram um acordo com a administração, no qual aceitavam um congelamento salarial em troca de dias sem produção pagos, por forma a evitar que os custos de produção na fábrica aumentem e a mesma se tornasse menos competitiva face a outras fábricas da Volkswagen (VW) instaladas noutros países.

A empresa em Portugal parece não estar muito confiante de que venha a vencer o concurso para o novo SUV, o Marrakesch, mas promete lutar por outro modelo.
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