Inflação real de 2007 foi o dobro da fixada pelo Governo - TVI

Inflação real de 2007 foi o dobro da fixada pelo Governo

Bens de consumo não param de aumentar

Alimentos, água e electricidade aumentaram muito mais

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A taxa real de inflação em 2007 foi de 5,6 por cento e não de 2,5%, como a fixada pelo Governo para o ano passado, revela um estudo da União das Misericórdias Portuguesas (UMP), citado pela «Lusa».

Segundo um relatório sobre a Taxa de Inflação Social nas Misericórdias, a que a agência teve acesso, a subida dos bens alimentares («agrofloração»), nomeadamente a subida de preços da alimentação e bebidas não alcoólicas e a de bens como o pão e o leite foi a «grande responsável» pelo aumento da despesa nas Misericórdias.

Em declarações à «Lusa», o presidente do secretariado nacional da UMP, Manuel Lemos, disse que o estudo já foi enviado à tutela, que é do Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social, e que deverá ser divulgado publicamente pela UNM ainda esta semana.

O que ficou mais caro

O aumento médio do pão a nível nacional foi de 5,5%, o dos lacticínios aumentou 6%, o preço da pescada congelada subiu 6,99%, o frango 9,32% e a fruta inflacionou 12,73%.

A maior despesa das misericórdias, cerca de 46%, foi realizada com bens alimentares e bebidas não alcoólicas, uma vez que têm «a seu cargo milhares de pessoas para alimentar», refere o documento.

A água, a electricidade e os combustíveis foram outros dos bens que registaram aumentos superiores à taxa de inflação fixada pelo Governo, sendo o gasóleo, com um aumento de 2,52%, e a gasolina, com 4,09%, os que mais aumentaram de preço em todas as regiões portuguesas.

Norte, Centro, Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo e Algarve foram as regiões analisadas pelo levantamento da UMP, que sublinha a «disparidade» de valores de algumas regiões, nomeadamente o Norte, o Alentejo e Algarve, onde se registam os níveis mais elevados de inflação.

Há que mudar método de medir inflação

Por estes motivos, as Misericórdias reclamam a «necessidade premente» de um novo sistema de financiamento social a negociar com o Governo que «crie e desenvolva instrumentos de apoio financeiro e de instrumentos legais apropriados» e que garanta a «autonomia e sustentabilidade das Misericórdias enquanto prestadores das respostas aos diversos problemas sociais existentes», lê-se no estudo.

O problema é tanto maior quanto o aumento dos subsídios e comparticipações do Estado aos cidadãos «têm sido, quase sempre, indexados à Taxa de Inflação Anual», acrescenta o documento.

Para a UMP, o índice de Preços no Consumidor (IPC) utilizado pelo Governo tem «uma determinada estrutura de consumo das famílias que já tem vários anos», que «se altera com a passagem do tempo» tal como nas instituições sociais e cujas alterações não têm sido tomadas em conta.

«Para o IPC do Estado tudo se mantém como se não se verificasse qualquer mudança ou dinâmica sócio-económica, já que a estrutura utilizada pelo Instituto Nacional de Estatísticas (INE) se mantém inalterável há anos», sublinha o documento.

Assim, o estudo definiu um cabaz de bens e serviços que excluiu despesas como remunerações, atendendo apenas às realizadas com alimentação e bebidas não alcoólicas, água, electricidade, gás e outros combustíveis domésticos, acessórios e equipamentos domésticos, manutenção corrente das instalações, comunicações, material de escritório e outros bens e serviços, com base nas rubricas «mais representativas» do consumo numa Misericórdia.
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