Agricultura: custos de produção sobem, preços dos produtos baixam

A situação dos agricultores degrada-se com os preços dos factores de produção a subir enquanto os produtos agrícolas têm valores mais baixos que em 2007, alertou o presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), citado pela «Lusa».

Segundo João Machado, que falava num encontro com jornalistas, nos últimos 12 meses os preços dos adubos e pesticidas duplicaram enquanto o do gasóleo subiu 55 por cento e das rações 50%.

Ao contrário, os valores pagos pelos bens agrícolas na produção, ou seja, ao agricultor, são mais baixos que os preços praticados em 2007, salientou.

Esta situação apresenta «uma agravante nas produção anuais, como os cereais», já que os agricultores cultivam e não podem depois adaptar-se às condições dos mercados, disse o responsável.

João Machado deu o exemplo dos cereais, sector onde, disse, os agricultores fizeram um esforço para cultivar mais áreas para aproveitar a alta dos preços, mas quando as colheitas estão a começar, os preços são idênticos ou até mais baixos que no ano passado.

Segundo os dados da CAP, o trigo rijo vendia-se a 500 euros a tonelada há cerca de um mês e hoje vende-se entre os 250 e 260 euros a tonelada, enquanto o trigo mole e a cevada registavam uma descida de 30%.

«Não consigo perceber como o mercado em Portugal pode ser tão manipulado», defendeu o presidente da CAP, que disse existir «especulação e forças estranhas no mercado», sem no entanto adiantar mais pormenores.

A situação tornou-se mais complicada com a subida do preço dos combustíveis, mas também com a alteração geral na agricultura europeia, já que os preços eram estáveis «porque havia intervenção».

«São necessárias políticas estáveis e discurso político coerente», disse o presidente da CAP, recordando que «o Governo veio aconselhar a cultivar cereais».

O mercado «não vai pagar a subida dos custos de produção, como dizia o ministro (da Agricultura), pois o agricultor não pode repercutir os custos no preço», acrescentou.