Analistas querem distanciamento nas relações entre a EDP e a Iberdrola - TVI

Analistas querem distanciamento nas relações entre a EDP e a Iberdrola

João Talone

A entrada da Iberdrola no conselho consultivo da EDP não tem, à priori, repercussões no mercado, isto desde que as grandes decisões da eléctrica portuguesa sejam feitas à revelia da espanhola. Contudo, não deixa de ser um tema que ainda vai dar muito que falar, segundo os analistas contactados pela Agência Financeira.

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Manuel Pinho, ministro da Economia, anunciou esta semana que a Iberdrola, que detém 5,7% da EDP, vai participar nos órgãos sociais da eléctrica portuguesa, situação que tem gerado grande polémica, levando mesmo o ministro a prestar declarações ao presidente da República, Jorge Sampaio.

Quanto a esta polémica, há quem ache exagerada. «Acho que não vai mudar grande coisa para a EDP em termos fundamentais. Vai ser aprovado um novo modelo de corporate governance, passando a Iberdrola a ter assento no seu conselho superior. Acho uma polémica exagerada. Não vejo grandes vantagens, mas também não vejo nenhuma desvantagem. Penso que não vão discutir assuntos estratégicos da expansão da EDP para Espanha à frente de membros da Iberdrola, mas se for assim, vejo alguma desvantagem. Já se forem salvaguardadas certas distâncias e se forem excluídos temas estratégicos das conversas, não me parece nem bom nem mau».

Mas quanto a essa salvaguarda, Jorge Guimarães, do Banif Investimento, acha difícil de garantir. «Vai ser difícil encontrar uma situação equilibrada no que respeita ao acesso a informações sensíveis sobre as actividades da EDP em Espanha».

O analista adianta, ainda, que o problema está na lei, porque esta permite que empresas possam ter participação nos órgãos de gestão de concorrentes directos. «Vão haver conflitos de interesses. A Iberdrola é concorrência directa da EDP, em Espanha».

Sucessor de Talone não deverá ter passado político

Quanto à actuação de Talone, Jorge Guimarães considera que foi boa. «Fez um bom trabalho no corte de custos, bem como na expansão internacional. O único falhanço foi a tentativa de aquisição da GDP. Relativamente a quem vier, terá que ser alguém bem recebido pelo mercado, pelo que seria desejável a menor influência política possível».

A possível saída de João Talone da presidência e sucessão de António Mexia, ex-ministro da Obras Públicas, é vista com algum positivismo pelos analistas. «Pensei que o mercado ia reagir mal, penso que também porque o nome mais falado é António Mexia que é um nome suportado pelo mercado. Não sei se é uma mais valia, tem que se esperar para ver as propostas, estratégia, equipa. Penso que é um gestor profissional conceituado no mercado, por isso não há, à partida, que ter reserva quanto à sua nomeação», afirmou um especialista que não quis ser identificado.

Já o analista do Banif destacou mesmo António Mexia como «a melhor hipótese, neste momento». Se assim se verificar, o banco não acredita que as acções vão reagir a esta mudança, uma vez que afirma que as acções da empresa já reflectiram e positivamente, nos últimos dias, ao anúncio destas possíveis alterações.
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