António Borges: «Subprime é uma das melhores invenções» - TVI

António Borges: «Subprime é uma das melhores invenções»

António Borges no Congresso do PSD

Economista não acredita na crise

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O economista António Borges defendeu na noite de quinta-feira que o «subprime» (crédito à habitação de alto risco) é «uma das melhores inovações dos últimos anos», demarcando-se assim da convicção generalizada de que este produto financeiro está na origem da presente crise mundial, refere a «Lusa».

Borges foi o conferencista de mais um jantar-debate promovido pela Associação Portuguesa de Gestão e Engenharia Industrial, na Fundação Cupertino de Miranda. Falou sobre «A crise no sistema financeiro mundial e consequências no investimento», tendo advertido logo à partida que iria expor uma perspectiva «bastante radical».

O economista não alinha com os que diabolizam o «subprime», vendo nele a raiz dos problemas que começaram por atingir em cheio o sistema financeiro americano e depois também o europeu.

Na sua opinião, este produto «permitiu o acesso à habitação de muitas pessoas» que de outro modo não o teriam. O que está a acontecer agora «é uma correcção», natural «depois de alguns excessos».

O mercado sub-prime «funcionou muito bem durante muitos anos e com uma taxa de sinistralidade muito baixa». Um dia, porém, «tornou-se vítima do seu próprio sucesso».

Os bancos europeus estão entre os mais atingidos. Socorrendo-se de uma metáfora, acrescentou: «Têm 80 por cento do material tóxico que existe aí nos balanços globais».

Mundo longe da crise

António Borges também se afasta daqueles que pensam a etapa seguinte será uma recessão, declarando-se «pessoalmente convencido» de que o mundo não corre esse risco. O que vai haver, diz é «um abrandamento» do crescimento económico mundial. Dito de outra forma, «um certa desaceleração, mas não mais do que isso».

A Europa, segundo pensa, está «muito segura» e melhor armada para fazer frente aos problemas que estão a afectar o sistema financeiro internacional, em especial o mercado bancário.

O seu diagnóstico pessoal aponta uma grande «falta de confiança e sem isso o sistema financeiro não pode sobreviver». Como não há fim à vista para esta realidade, «é muito difícil prever como as coisas vão acabar».

O economista, que já foi vice-governador do Banco de Portugal e um dos vice-presidentes do banco Goldman Sachs, elogiou o modo como as autoridades reguladoras têm lidado como a crise. «Foram as mais sensatas», sintetizou, notando que o euro saiu fortalecido e é hoje a moeda-refúgio de muitos investidores e países.

Um dos problemas actuais é a «enorme desconfiança dos bancos têm uns dos outros», de tal modo que «deixaram de emprestar dinheiro uns aos outros».

«O sistema bancário português vai buscar todos os anos ao crédito o equivalente a dez por cento do PIB nacional», exemplificou.
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