Barroso elege desenvolvimento como prioridade - TVI

Barroso elege desenvolvimento como prioridade

Presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso

O presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, elegeu hoje a ajuda ao desenvolvimento como a grande prioridade da cimeira mundial da ONU, e desafiou os restantes «parceiros relevantes» a seguirem o exemplo de generosidade da União Europeia nesta matéria.

Durão Barroso falava em Bruxelas numa conferência de imprensa sobre a cimeira da ONU que decorrerá de quarta a sexta-feira em Nova Iorque, e na qual encabeçará uma delegação do executivo comunitário que inclui ainda os comissários com as pastas do Desenvolvimento e Ajuda Humanitária, Louis Michel, e das Relações Externas, Benita Ferrero-Waldner, igualmente presentes na sessão.

«Honestamente, penso que o mais importante é alcançar um compromisso em matéria de desenvolvimento», afirmou o presidente da Comissão, que desafiou os países mais ricos a seguirem o exemplo de generosidade da União Europeia, «o maior doador de ajuda», a Comissão e os Estados-membros são responsáveis por 55% do total de ajudas ao desenvolvimento, e também «o maior parceiro comercial dos países em desenvolvimento», citado pela agência de notícias «Lusa».

Sublinhando que não está a subvalorizar questões como os direitos humanos, segurança e paz, outras matérias que estarão na ordem do dia na cimeira mundial da ONU, no quadro das reformas das Nações Unidas, Durão Barroso disse que, «pessoalmente», considera «naturalmente» prioritária a questão da ajuda humanitária, de modo a ser possível atingir os compromissos adoptados, há cinco anos, na Cimeira do Milénio (2000).

Entre os Objectivos do Milénio para o Desenvolvimento, conta-se o da redução, para metade, da pobreza extrema no Mundo até 2015.

Barroso invocou os «números» actuais da «tragédia humana», cerca de 30 mil crianças morrem por dia, na sua maioria com idade inferior a cinco anos, frisando que se trata de «pessoas que podiam ser salvas», pois «há recursos no Mundo para resolver o problema».

O presidente do executivo comunitário lembrou o «compromisso claro» assumido este ano pelos líderes europeus no sentido de, até 2015, atingirem o objectivo orçamental traçado pela ONU de destinar 0,7% do PIB (Produto Interno Bruto) para ajuda humanitária, e disse esperar «que os outros sigam o exemplo da União Europeia».

Questionado sobre a posição dos Estados Unidos, que já deram indicações de que não atingirão esse objectivo, Barroso limitou-se a comentar que o sucesso da cimeira desta semana passará «por um compromisso dos Estados Unidos e outros parceiros relevantes», cita ainda a mesma agência de notícias.

Na sua intervenção, o comissário com a pasta do Desenvolvimento, Louis Michel, assinalou que se verifica «um atraso» no cumprimento dos Objectivos do Milénio, nomeadamente em África, pelo que há necessidade de «acelerar o processo» sob o lema «fazer mais, melhor e mais rapidamente, pois esta é uma questão de «imperativo moral e de solidariedade».

Tal como Barroso, também o comissário pediu que seja seguido o exemplo da Europa, «muitas vezes acusada de falta de liderança no plano mundial», mas que, sustentou, «mais do que nunca» lidera a nível mundial em matéria de política de desenvolvimento.

Questionado sobre os casos de corrupção verificados em programas de ajuda ao desenvolvimento, Barroso sustentou que os mesmos «não podem constituir um obstáculo à solidariedade global» e que é «um erro usar estes casos» para defender cortes das ajudas financeiras, embora admitindo que, a par das ajudas, é também fundamental assegurar «a transparência e a boa governação».

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Apesar da ênfase dada à questão da ajuda ao desenvolvimento, o presidente da Comissão frisou que as restantes matérias e reformas em discussão nesta reunião das Nações Unidas são também extremamente importantes, até porque «estão interligadas.
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