CDS-PP é o partido mais feminino - TVI

CDS-PP é o partido mais feminino

Ribeiro e Castro, o novo líder do CDS/PP

O CDS-PP é o partido português mais «feminino», mas as mulheres, que representam um terço da militância partidária em Portugal, continuam suplantadas pelos homens nos cargos de direcção.

O estudo da Comissão para a Igualdade e Direitos das Mulheres, a que a Agência Lusa teve acesso e que é divulgado hoje, revela que 41% dos filiados em 2001 no CDS-PP eram mulheres, a taxa mais alta entre os maiores partidos, embora o PS, com 33%, tenha registado o maior crescimento de mulheres nas suas fileiras, duplicando o número desde a década de 70, refere a Lusa.

Dentro do PSD, o número atinge 37% e no PCP há 29% de mulheres filiadas.

No entanto, a presença de mulheres nos órgãos directivos dos partidos é «escassa», conclui o estudo, acrescentando que as mulheres estão mais representadas em órgãos não executivos.

Mesmo no Bloco de Esquerda, o único partido que tem o princípio da paridade entre os sexos nos seus estatutos, a representação real das mulheres na direcção "não reflecte o princípio referido", refere o estudo.

Nos outros partidos, o PS atinge os 18,3% de mulheres em órgãos directivos, o CDS vem a seguir com 15,8%, o PSD 12,9 e o PCP 12%.

Dentro destas estruturas, é fraco o índice de renovação feminina, registando-se taxas de reeleição que vão dos 44%, no PSD, aos 70,3%, no PCP.

Segundo as respostas dos inquiridos no estudo, as «atitudes e práticas discriminatórias» dentro dos partidos são responsáveis pela escassa presença feminina nos cargos de direcção.

«Os partidos são universos dominados pelos homens, que tendem a dificultar, quando não obstaculizar, o acesso (das mulheres) a cargos ou lugares de relevo», refere o estudo.

Embora «a esmagadora maioria dos portugueses» concorde em teoria com a igualdade de oportunidades no acesso a cargos políticos e tenha confiança nas mulheres para os desempenhar tão bem como os homens, verifica-se que os partidos aplicam uma «lógica sexista» na selecção de candidatos a deputados.

Por estas razões, as mulheres são mais cépticas do que os homens em relação ao empenhamento dos partidos na promoção da igualdade entre os géneros no acesso aos cargos políticos.

O cepticismo feminino vai mesmo ao ponto de pôr em causa o contributo dos partidos para o bom funcionamento da democracia portuguesa.

A maioria dos inquiridos culpa os partidos políticos pela existência de uma «democracia excludente» em Portugal, pela maneira como relega as mulheres para uma posição minoritária nos cargos executivos.

Apesar desta realidade, o estudo conclui que não há na população portuguesa uma «ideologia de género». Os portugueses não acreditam que a vocação ou a competência política sejam atributos exclusivos dos homens.

Quanto ao esforço de integração das mulheres nos cargos dirigentes internos, os números do estudo revelam que o PS lidera, com um grande aumento registado a partir de meados da década de 1990.

Em termos gerais, a participação política das mulheres faz-se, tal como nos homens, pelo debate e a procura de informação para a criação de opinião e pelo voto em eleições gerais.

O estudo da Comissão vai ser apresentado hoje a partir das 10:00 no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, na Ajuda, em Lisboa.
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