Contactado pela «Agência Financeira», Hugo Martins, analista da Probolsa, afirma que «começa a ser evidente que vai haver uma guerra de controlo na EDP. Esta posição adquirida (pelo BES) tem mais que um cariz estratégico. É uma posição para negociar uma eventual subida de acção, provocada por essa guerra de accionistas». E acrescenta que se nota «nitidamente que a Iberdrola quer entrar. Tem cerca de 6%, e deve querer chegar aos 10%, que já permitem ter outro tipo de actuação dentro da eléctrica».
Quanto aos grupos portugueses, o analista considera ser difícil que algum venda. Desta forma, Hugo Martins diz que a Iberdrola terá que comprar em bolsa e que «adquirir 4% em bolsa são muitas acções, que farão, sem dúvida, subir o preço».
Em relação à estratégia do BES, os analistas concordam, que lhes parece ser um facto, já anunciado pelo próprio BES, de que a eléctrica tem um papel estratégico importante na reestruturação do sector energético, na Península Ibérica e foi por isso que decidiram fazer tal compra. O analista da Probolsa confirma, «será uma questão de realizar mais valias e não de uma eventual participação estratégica e de poder de decisão na administração da empresa», agora liderada por António Mexia. Ainda outro analista consultado, que não quis ser identificado, adianta que a EDP também tem um perfil territorial localizado, onde o BES também está presente. «A posteriori, percebo as razões evocadas pelo banco de Ricardo Salgado», justificou.
Já no que toca a números, Tiago Dinis, do BPI Investimento, afirma que «não é um investimento particularmente significativo (para o BES)» e que, de acordo com os seus cálculos, esta aquisição deve consumir 3 pontos base (p.b.) no capital do banco ».
Quanto aos benefícios da EDP com esta situação de disputa, «como empresa, uma guerra accionista, a curto prazo, não é positiva, já em relação à cotação é bastante positiva, porque se os accionistas quiserem ter posições maiores terão que comprar acções e estas sobem», considera o BPI.
Sobre a possível maior participação da Iberdrola na eléctrica portuguesa, os analistas mantêm-se, ainda, na expectativa. «Está tudo à espera para ver onde isto vai parar».
O analista anónimo referiu ainda a Cajastur. «A caixa espanhola também terá um papel a dizer em todo este processo. Tem uma posição de peso e foi o primeiro a contestar o modelo de corporate governance proposto pelo BCP. Agora, é ver se estão compradores ou vendedores». Em todo o caso, referiu o mesmo, «interessados não faltam. Agora é ver o que a administração da Iberdrola pretende, porque talvez seja a empresa com mais interesse na EDP».
Começou a «guerra» pelo controlo da EDP
- Redação
- Marta Dhanis
- 6 jan 2006, 15:03
A entrada do Banco Espírito Santo (BES) no capital da EDP promete gerar uma guerra pelo controlo da energética. BCP e BES são rivais no sector da banca e a Cajastur já se manifestou contra o modelo de corporate governance delineado para a empresa. Isto para não esquecer a Iberdrola, que quer vender a posição que tem na empresa, mas que ainda tem uma percentagem importante do capital. Para já, os especialistas de mercado recomendam cautela.
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