Cortes de água já afectam quase cem mil portugueses - TVI

Cortes de água já afectam quase cem mil portugueses

Sul já sofre cortes de água

Quase cem mil pessoas estão a sentir os efeitos da seca nas torneiras das suas casas. De acordo com dados do último relatório da Comissão da Seca 2005, criada pelo Governo, a situação de cortes no abastecimento de água agravou-se substancialmente na última quinzena do mês de Agosto.

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No final do mês, havia 36 concelhos com reduções nos períodos de fornecimento de água, afectando cerca de 99 mil pessoas. Em apenas duas semanas, houve uma subida de 66% no número de portugueses com cortes de água. Em relação ao princípio do mês, o aumento chega a quase 90%, avança o jornal «Público».

Também cresceu substancialmente o número de habitantes em áreas onde os reservatórios de água estão a ser abastecidos por autotanques. Eram 54 mil em Agosto e agora são 72 mil.

A seca continua a afectar todo o território continental do país, 71% do qual em situação «extrema» e 29% «severa». E a chuva de ontem não é prenúncio de grande consolo. Cenários incluídos no relatório indicam que, mesmo que chova bem acima da média em Setembro, o Centro e o Sul do país permanecerão em seca grave.

A Comissão da Seca já está a estudar alternativas de abastecimento, caso Portugal passe por mais um Inverno com pouca precipitação. «Não temos garantia de que 2006 não seja um ano seco», referiu ontem o secretário de Estado do Ambiente, Humberto Rosa, numa conferência de imprensa em Lisboa.

Soluções para o Algarve

A principal preocupação é em relação ao Algarve, dado o nível baixo das suas barragens e da sua principal reserva de água subterrânea, o aquífero Querença-Silves. Mas Humberto Rosa afastou, para já, a hipótese de cortes no abastecimento na região. A ideia de se fazerem cortes «pedagógicos», destinados a dar um sinal à população de que é preciso poupar água, chegou a ser aventada. Mas foi considerada contraproducente, por ser passível de levar os cidadãos a armazenar água em excesso antes de as torneiras ficarem secas, aumentando o consumo, noticia o mesmo jornal.

«Os cortes justificam-se perante a iminência de rupturas [no abastecimento]. Não estamos nesta iminência», justificou o secretário de Estado do Ambiente. Mas se os problemas se agravarem ao ponto de comprometer o abastecimento, «haverá cortes».

Se a seca permanecer no próximo ano, uma das soluções possíveis de curto prazo, para o Algarve, é ir buscar água ao chamado «volume morto» das albufeiras de Beliche e Odeleite.

Outra alternativa, segundo Humberto Rosa, é utilizar a água armazenada pela ensecadeira das obras da Barragem de Odelouca, que estão paradas devido a um contencioso com a Comissão Europeia, por razões ambientais. A ensecadeira, já construída, é uma pequena barragem, destinada a permitir os trabalhos de construção civil.
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