Luz: «Caminhamos para penúria se não houver mecanismos de preços» - TVI

Luz: «Caminhamos para penúria se não houver mecanismos de preços»

Pina Moura

Preços finais têm que «reflectir todos os custos incorridos»

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O presidente da Iberdrola Portugal, Joaquim Pina Moura, está preocupado com a escassez de energia que diz ser um factor indissociável do «bem» electricidade. É por esse motivo que considera que é imprescindível haver mecanismos de preços da luz, caso contrário caminharemos para a «penúria».

«Se não houver mecanismos de preços caminharemos para a penúria no fornecimento de um bem tão necessário», referiu Joaquim Pina Moura à Agência Financeira, à margem da audição pública do Plano de Promoção da Eficiência no Consumo (PPEC), organizada pelo regulador, a ERSE.

Aliás, diz o presidente da Iberdrola Portugal que o mecanismo de preços, e não as tarifas reguladas, é o «único instrumento correcto, adequado e efectivo» para gerir a escassez e tornar económica a provisão deste bem.

Falando ainda sobre eficiência energética, Pina Moura comentou que o «primeiro requisito é que os preços finais dos produtos energéticos reflictam todos os custos incorridos, entre os quais os de abastecimento de energias primárias, os das actividades necessárias para o fornecimento, os ambientais, entre outros».

«Medidas de poupança são anuladas por distorção do mercado»

«Na eficiência há medidas que valem por si mesmas, mas de nada valem se houver factores de distorção do funcionamento ou até um não funcionamento dos mecanismos de mercado», realça.

Nesse sentido, o responsável faz várias recomendações. Assim, deve-se evitar distorcer de forma artificial o sinal do preço de energia que resulta dos mercados. «Se o preço final da energia estiver distorcido, por mais perfeito que seja o modelo de promoção da eficiência, resultará sempre em incentivos perversos». Pina Moura diz também ser essencial que os diferentes sectores energéticos não sejam analisados de forma independente.

«A criação de uma cultura de poupança energética e a realização de campanhas de consciencialização sobre o uso eficiente da energia teria que ser um pilar central da política sobre eficiência energética», acrescentou o mesmo, sublinhando que, neste campo, a colaboração entre a administração e a indústria seria importante.

Recorde-se que, em Portugal, a liberalização do mercado ibérico de electricidade (Mibel) teve início em Setembro de 2006, altura em que era esperado que entrassem vários novos players, nomeadamente a Iberdrola. No entanto, não foi isso que aconteceu. A única empresa que, de início, lançou uma oferta nesse mercado foi a EDP e mais tarde a Unión Fenosa-apesar de esta actuar essencialmente em baixa tensão. Desde então, várias críticas têm sido feitas pelas empresas que se tinham mostrado interessadas em fornecer electricidade a clientes domésticos e que não ser possível criar ofertas rentáveis face a subidas da tarifa regulada que não incluem os custos reais da energia.
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