Portugueses: muitos não pagam dívidas porque não querem

A maioria dos portugueses, quando deixa de pagar as dívidas, fá-lo porque não tem condições para continuar a pagar. Mas há também muitos consumidores que não pagam porque não querem. Esta é a conclusão de um estudo da Intrum Justitia, que analisou 600 mil casos de devedores no nosso país.

De acordo com o estudo, 22% dos consumidores portugueses não pagaram as dívidas, porque tiveram uma razão. «São os sinceros», esclarece Luís Salvaterra, director-geral da Intrum Justitia. «São pessoas que contratam com determinadas empresas, mas que não pagam porque existe uma razão contratual ou de não prestação do serviço».

Só 16% estão em situação de insolvência

A estes juntam-se os casos de insolventes, 16% do total, em que os devedores não têm capacidade financeira para cumprir os compromissos assumidos.

O estudo identifica ainda uma fatia de 18%, a que chama de «selectivos». São devedores que definem prioridades e decidem voluntariamente quais as dívidas a pagar a horas, quais as que podem pagar com atraso e quais as que simplesmente não pretendem pagar.

Mas, «acidentes de percurso» à parte, há também muita gente que não paga porque não quer. 10% do total têm mesmo delineada uma estratégia para não pagar a dívida desde o momento em que a contraem. A estes «oportunistas», podem somar-se 15% de «nómadas», ou seja, consumidores que nunca vivem na morada indicada para a cobrança de dívidas.

Há ainda 12% de «relaxados», que mostram negligência e indiferença perante as obrigações e mais 7% de «esquivos», que não reconhecem a situação de incumprimento e tentam fugir à realidade.

Os consumidores que mais cumprem no pagamento de dívidas são os que residem na zona centro do país e os piores estão na área da Grande Lisboa.

Empresas são mais selectivas no pagamento de dívidas

Nas empresas há uma gestão da dívida, tendo em conta interesses futuros. Muitas optam por pagar a determinados fornecedores em detrimento de outros.

A Intrum Justitia é uma empresa de gestão de crédito e no último ano reduziu a taxa de êxito na cobrança de dívidas em 20%.